A "Marcha do Século" pelo clima juntou este sábado cerca de 450 mil manifestantes em França (107 mil dos quais em Paris) para denunciar a "inação" face às alterações climáticas.
O protesto, que se alargou a várias cidades de França, serviu também para as reivindicações sociais do movimento "coletes amarelos", que se manifestaram em Paris, registando confrontos com a polícia.
O número de manifestantes presentes na marcha pelo clima em Paris contrasta com a estimativa de polícia municipal local, que calculou entre 25 mil a 30 mil pessoas que desfilaram na capital francesa.
"Fim do mundo, fim do mês, mesma luta" foi uma das palavras de ordem dos milhares de manifestantes que encheram a praça da Ópera, em Paris, antes de iniciar a marcha em direção à praça da República, adianta a agência AFP.
Num sábado de sol e calor, um grupo de jovens exibiu no protesto um cartaz onde se lia: "Somos mais quentes do que o clima".
Paralelamente, foi realizado o 18.º sábado de mobilização dos "coletes amarelos", marcado por confrontos com a polícia.
O ativista ecológico e diretor do documentário de sucesso "Amanhã", Cyril Dion, pediu uma "convergência com os `coletes amarelos´" durante um encontro com os jornalistas durante a marcha pelo clima.
Em seu entender, a "causa e a destruição dos ecossistemas está no atual modelo económico".
"Sem petróleo a festa é mais louca" e "Macron estás lixado, pandas estão na rua" foram outros cartazes exibidos durante a marcha.
Pierre-Loup Mariaux, um estudante de 18 anos, disse à AFP estar ali para "protestar contra a inação perante as alterações climáticas (....) e contra os multimilionários nas suas torres de marfim".
No total, foram registados mais de 200 eventos em França relacionados com o protesto em defesa do clima.
Cerca de 140 organizações, do Greepeace à Fundação Nicolas Hulot, alertaram, nas ruas, que é "altura de mudar os sistemas industrial, político e económico, para proteger o meio ambiente, a sociedade e os cidadãos".
Nos últimos meses, multiplicaram-se em França petições, ações e campanhas online contra as alterações climáticas.
O Estado está a ser pressionado pelas organizações não-governamentais (ONG) ambientalistas a agir contra o aquecimento global, tendo uma petição sobre o tema recolhido mais de dois milhões de assinaturas em menos de um mês.
Os ambientalistas suportam o seu protesto nos alertas de cientistas para exigir aos líderes políticos e económicos ações mais concretas e eficazes em favor do clima, da fauna e da flora selvagem.
O Acordo de Paris de 2015 visou limitar o aquecimento global a +2°C em comparação com a era pré-industrial e, no plano ideal, a +1,5 °C, mas as estimativas dos Estados preveem que atinja +3°C.