João Paulo Correia, secretário de Estado da Juventude e Desporto, assume que escolha do Qatar para organizar Campeonato do Mundo "foi um erro" e que a defesa dos direitos humanos deve estar sempre presente.
Em declarações à margem do evento da Liga de Clubes, "Thinking Football", o responsável do Governo foi questionado em relação às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que afirmou que era altura de "esquecer" que o Qatar não respeita os direitos humanos e focar apenas na seleção portuguesa.
"É evidente que o estado do Qatar não cumpre com os direitos humanos. A FIFA não fez a melhor escolha, isso está provado e certamente que os compromissos estabelecidos entre o Qatar e a FIFA não estão a ser cumpridos. A luta e a defesa dos direitos humanos têm de estar sempre presentes, mas não podemos perder o foco da participação da nossa seleção", disse.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reconheceu após o amigável com a Nigéria que “o Qatar não respeita os direitos humanos”, mas vai assistir ao Portugal-Gana, em 24 de novembro.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse.
Esta sexta-feira, a dois dias do início da competição, o Qatar proibiu a venda de cerveja com álcool nos estádios.
Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.
Além das mortes por explicar, o sistema laboral de ‘kafala’ e os trabalhos forçados, sob calor extremo e com longas horas de trabalho, entre outras agressões, têm sido lembradas e expostas há anos por organizações não-governamentais e relatórios independentes.
Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade LGBTQIA+, tendo em conta a perseguição de que são alvo no Qatar.
Várias seleções, como Dinamarca, Austrália ou Estados Unidos, posicionaram-se ativamente contra os abusos ou a favor da inclusão e proteção, quer dos migrantes quer da comunidade LGBTQIA+, tanto a viver no país como quem pretenda viajar para assistir aos jogos.
O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.