O PSD não vai pedir eleições antecipadas nem moção de censura, mas defende que o Presidente da República deve falar ao país.
Quem o diz é Luís Montenegro que, após reunião da comissão permanente do PSD, falou aos jornalistas, esta quarta-feira. Em conferência de imprensa na sede do partido, acusou António Costa de estar a tentar provocar eleições antecipadas, mas adiantou que não será o PSD a pedir a dissolução do Parlamento. Aproveitou também para mandar recado a Marcelo Rebelo de Sousa, garantindo que o partido é alternativa.
"Não será por minha causa ou do PSD que haverá eleições antecipadas. Não as pedimos, mas não as recusaremos", diz.
"Sim, estamos preparados para aquilo que for necessário. Estamos mais bem preparados para governar Portugal que o atual Governo. Temos equipa e temos projeto", adianta, assegurando que não lhe move, no entanto, "nenhum espírito de sobrevivência". "Move-me o espírito de missão".
Luis Montenegro não revelou se já falou com o Presidente da República e garante que não vai ser o PSD a dizer a Marcelo o que deve fazer.
"Respeitarei qualquer que seja a tomada de posição do Presidente da República. É a ele que cabe fazer a avaliação política da situação e respeitaremos as suas diligências", assegura, voltando a reiterar que, em Portugal, há uma "alternativa política a este Governo, que está caótico, sem capacidade de se mexer para aquilo que interessa".
Montenegro deixou muitas críticas a António Costa no seu discurso, falou em "colapso institucional" e defendeu que o primeiro-ministro está entretido "em guerras partidárias". O que o país assistiu ontem não foi, admite, uma "demonstração de coragem" por parte do primeiro-ministro.
No entanto, não vai apresentar uma moção de censura, pois isso seria "fazer um frete ao PSD". Quanto a uma conversa com o Presidente, tudo ficará no recato.
"O Governo perdeu o norte e está em agonia"
Para Luís Montenegro, o "teatro político lastimável do dia de ontem" prova que "o Governo perdeu o norte e está em agonia".
Para o líder social-democrata, uma coisa é clara: "o primeiro-ministro quer provocar eleições antecipadas" e ontem demonstrou-o de uma foma "esclarecida, assumida e indisfarçável". "Qual quer que seja o desfecho desta crise, o primeiro-ministro teve ontem o momento do canto do cisne. Ensaiou uma fuga para a frente, a ver se provoca eleições antecipadas", defende, "sem ter coragem de o dizer".
"Há meses que o primeiro-ministro desistiu de governar, de Portugal, e entrou em modo de campanha eleitoral", assegura Montenegro, em declarações aos jornalistas.
Forte nas palavras ao Governo, Montenegro diz que nem Costa nem Galamba mostraram "saber assumir responsabilidade política". Para o líder dos sociais-democratas, o ministro das infraestruturas "tem culpa e implicação direta nos acontecimentos". Montenegro vai mais longe. "O ministro só tinha uma saída digna: insistir na demissão. Não o fazendo, quer isto dizer que tudo se tratou de pura ficção", reitera.
[notícia atualizada às 14h09 de 3 de maio de 2023]