A ministra da Saúde, Marta Temido, considera que o regresso da suspensão das visitas aos lares de idosos seria “desproporcional” nesta fase.
Questionada sobre o assunto durante a conferência de imprensa diária desta sexta-feira, Marta Temido disse que o Governo está consciente de que mais de um terço das mortes por coronavírus ocorreu em lares, ou equivalentes, e que já foram anunciadas medidas especiais para estas instituições.
“Mais de um terço das mortes foram em pessoas que estavam institucionalizadas em estruturas residenciais para idosos. Definimos um plano claro de articulação nos primeiros meses e esta semana esse despacho foi objeto de um aditamento em que definimos que os lares não só têm de obedecer a uma série de critérios, desde planos de contingência e separação de doentes, mas passarão a ser visitados por equipas da saúde, Segurança Social e Proteção Civil, sempre que necessário e adequado, para que haja um controlo permanente das boas práticas.”
A ministra diz ainda que vão ser retomados programas de rastreio para os profissionais que trabalham nestes lares de idosos, até porque a maioria dos surtos que se têm verificado recentemente têm sido por transmissão de funcionários para idosos, e não de familiares ou outras visitas.
“As visitas já são suspensas em todos os lares em que há casos”, afirma Marta Temido, mas conclui que “generalizar isso ao país, neste momento, não se afigura proporcional”.
Exclusão de Portugal pelo Reino Unido não se justifica
Marta Temido foi ainda questionada sobre o facto de o Reino Unido ter excluído Portugal da lista de países com os quais estabelece um corredor aéreo, para que os seus cidadãos não tenham de fazer quarentena após o regresso dos mesmos.
O Governo português, pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, já lamentou a decisão, manifestando a esperança de que esta seja alterada quando Londres reavaliar a situação.
“É uma decisão que tenderá a evoluir num sentido que nos seja mais favorável”, acredita Marta Temido, “e que irá acompanhar a evolução da infeção”.
“Entendemos que não há, na situação epidemiológica portuguesa, sobretudo comparando Portugal e o Reino Unido, nada que justifique esta decisão, mas esperamos para ver o que uma próxima avaliação nos irá trazer e trabalhamos nesse sentido.”
A ministra lembrou ainda que o Centro Europeu de Controlo de Doenças referia que estas não são as medidas mais adequadas para o controlo da epidemia e a comissária europeia da saúde disse, também esta sexta-feira, que a situação de Portugal mostra o dinamismo desta epidemia e que “não podemos baixar a guarda nem dar dados por adquiridos”.
Portugal voltou a registar esta sexta-feira mais de uma dezena de mortos, com 11 óbitos, o número mais elevado desde o início de junho. A esmagadora maioria dos novos casos de infeção voltaram a registar-se na zona de Lisboa e Vale do Tejo.