José Peseiro pede, com urgência, uma cimeira entre os três grandes, para abordar o atual clima de crispação do futebol português e procurar soluções. E desafia o Benfica a ter a iniciativa.
Na I Cimeira Bola Branca, esta segunda-feira, o treinador português respondeu a Varandas Fernandes, que defendera a idoneidade do Benfica neste tema e lançara alfinetadas aos rivais, no painel anterior, e salientou que os clubes não podem adotar uma postura de falsa superioridade moral, como se se vivesse numa ilha "em que é só gente pura e o resto gente má".
"É essencial uma cimeira dos grandes. Se o Benfica reúne 60% das pessoas em Portugal, porque não é ele próprio a desafiar os três grandes para uma cimeira sobre a situação do futebol português, já que a Liga não consegue fazer isso? Que tenha coragem, não se pode defender só o Benfica quando o futebol é uma indústria", atirou o técnico.
"Não podemos dizer está tudo bem em nossa casa e mal nas dos outros quando há dirigentes todas as semanas a atacar a arbitragem e presidentes a dizer que um árbitro não pode apitar mais", insistiu Peseiro, em alusão ao presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, que disse que Fábio Veríssimo "não podia apitar mais", após um clássico com o FC Porto.
José Peseiro sublinhou que "algo tem de mudar ou melhorar, porque este não é o caminho", e imputou responsabilidade aos clubes e, particularmente, aos dirigentes, que "têm de ter a consciência de que é preciso apaziguar". O treinador até elegeu o Sporting como o clube que menos se mete nas habituais confusões.
Os mais barulhentos versus a maioria discreta
Embora ressalvando que entende como se cria o clima mais quente, no seio dos adeptos, visto que "há muita gente que trabalha no que não gosta, ganha pouco e o que lhe dá alegria é ver a sua equipa ganhar ao fim-de-semana", Peseiro vincou que os que falam mais alto não são, necessariamente, representação da maioria:
"Não acredito que os adeptos que fazem mais barulho são a maioria, mas os clubes ouvem esses. Acredito que há muita gente que não se revê na comunicação dos clubes."
A terminar, Peseiro lançou um desafio à imprensa, usando como exemplo a I Conferência Bola Branca: "As outras rádios podiam fazer iniciativas destas."