O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse este sábado que "o mundo como um todo" não vai superar a pandemia antes de 2023, embora a Europa esteja já "a sair do túnel".
A Europa está a "sair do túnel", mas a situação ainda é difícil na América do Sul, África e Índia, disse Borrel.
"O mundo como um todo não vai superar o vírus até 2023. Perante nós está uma longa luta contra a pandemia", afirmou, de acordo com a televisão pública croata HRT, no XIV Fórum de Dubrovnik, dedicado ao impacto da pandemia nas relações geoestratégicas e na economia global.
Borrell dirigia-se aos ministros dos Negócios Estrangeiros de dez países da Europa Central e dos Balcãs - Albânia, Croácia, República Checa, Eslováquia, Eslovénia, Grécia, Letónia, Macedónia do Norte, Malta e Montenegro - e outros diplomatas.
O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros considerou que a pandemia de covid-19 vai deixar um mundo diferente, mais digital e com novas desigualdades.
"Todos estamos cientes das consequências futuras, mas também da solução para a crise provocada pela pandemia, que é a vacinação", disse.
Borrell defendeu a doação de vacinas a países pobres para impulsionar o desenvolvimento económico, bloqueado pela pandemia, lembrando os alertas da ONU de que a falta de remédios em algumas regiões significará diferenças na recuperação e mais instabilidade no mundo.
A este respeito, mencionou as doações europeias para o mecanismo global COVAX, uma plataforma de vacinação promovida pela Organização Mundial de Saúde.
Borrell acusou a Rússia e a China de promoverem "diplomacia de vacinas" para reforçar os seus interesses no mundo e alertou que a UE deve "estar ciente disso e agir de acordo com a situação".
Indicou que, sobretudo, a influência da China no mundo é crescente e que a cooperação é "cada vez mais difícil" com Pequim, embora tenha defendido o entendimento devido à importância do país asiático.
"Até 25% do crescimento económico global este ano vem da China", alertou.
Borrell considerou que a competição entre a China e os Estados Unidos moldará o mundo nas próximas décadas e que a UE deve traçar o seu caminho "olhando através de suas próprias lentes".
"Com os Estados Unidos compartilhamos a história, o sistema político e económico. Estaremos sempre próximos de Washington, mas devemos olhar para o mundo com os nossos interesses em mente", disse Borrell, acrescentando que o diálogo da UE com o governo do presidente Joe Biden na China é "positivo e construtivo".