Os voos para sair da Rússia estão em vias de esgotar, depois de o Presidente Vladimir Putin ter anunciado, esta quarta-feira, a mobilização de 300 mil militares na reserva para defender o país na guerra contra a Ucrânia.
O anúncio gerou apreensão e medo, sobretudo junto dos homens aptos para o serviço militar que temem não conseguir autorização para sair do país, apesar do Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, ter assegurado que ficam de fora, estudantes e soldados que já foram recrutados.
Ainda assim, apesar de algumas informações contraditórias, uma das primeiras reações da população foi a procura de voos para fora da Rússia, o que fez também disparar os preços das viagens.
De qualquer forma, parece certo que os voos diretos de Moscovo para países que não necessitam de visto para entrar, incluindo a Turquia, Azerbaijão e Arménia, esgotaram pelo menos até sexta-feira, de acordo com a RBC russa.
As agências internacionais adiantam que, por exemplo, no site da Turkish Airlines, os voos diretos de Moscovo para Istambul estão esgotados, pelo menos, até dia 23.
Se o bilhete for, entretanto, para o voo de quatro horas e meia, do próximo sábado, os russos vão ter que pagar “173 mil rublos, o equivalente a 2.870 euros”. Antes do anúncio de Putin, “um bilhete de ida custava cerca de 350 euros”.
O decreto de Putin estipula que o número de pessoas convocadas para o serviço militar ativo será determinado pelo Ministério da Defesa, com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, a dizer, em entrevista televisiva, que “300 mil reservistas com experiência relevante de combate e serviço serão inicialmente mobilizados”.
A Rússia tem assistido a um acentuado êxodo de cidadãos desde que Putin ordenou que o exército invadisse a Ucrânia, há quase sete meses.
No discurso que esta quarta-feira de manhã proferiu ao país, em que anunciou uma mobilização parcial dos reservistas, o Presidente russo também fez uma ameaça nuclear velada aos inimigos russos do Ocidente.
Há relatos de pânico a espalhar-se entre os russos, a avaliar pelas redes sociais, com os grupos antiguerra a denunciarem, precisamente, que o reduzido número de bilhetes de avião para fora da Rússia atingiu preços muito elevados devido ao aumento da procura.
Alguns ‘posts’ nas redes sociais davam já conta de casos de pessoas que tinham sido mandadas para trás na fronteira terrestre da Rússia com a Geórgia e que o ‘site’ da internet da companhia ferroviária estatal do país, foi abaixo pelo facto de demasiadas pessoas estavam a tentar aceder-lhe.
Numa aparente tentativa para reduzir o “pânico”, o dirigente da comissão de defesa da câmara baixa do parlamento russo, Andrei Kartapolov, indicou que as autoridades “não imporiam mais restrições a reservistas que quisessem sair do país”, segundo a comunicação social russa.
Um grupo sediado na Sérvia, denominado “Russos, Bielorrussos, Ucranianos e Sérvios Juntos Contra a Guerra”, escreveu na rede social Twitter, que já não havia voos disponíveis para Belgrado, com partida da Rússia, até meados de outubro.
A capital da Sérvia, Belgrado, recorde-se, tornou-se um destino popular para cidadãos russos durante a guerra. Estima-se que mais de 50 mil pessoas fugiram para a Sérvia desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e muitos abriram, inclusive, negócios, especialmente no setor das tecnologias de informação.
Os cidadãos russos não precisam de visto para entrar na Sérvia, que é o único país europeu que não se juntou às sanções ocidentais impostas à Rússia.