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“E se eu, por exemplo, fico doente? Eu sou uma cuidadora informal de uma pessoa de 88 anos. O que faço? O que acontece com a pessoa? Nós precisamos de respostas.”
As dúvidas são da vice-presidente da Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI), mas Maria Anjos Catarripa assegura que se estendem ao universo de cerca de 800 mil cuidadores.
Em declarações à Renascença, esta dirigente afirma que “toda a gente está a lembrar-se das IPSS, das pessoas que lá vivem e trabalham, mas nós somos muitos, também existimos e não temos qualquer tipo de resposta.” Nem do Governo, nem das autoridades de saúde, “de absolutamente ninguém, até à data”, garante.
A vice-presidente da ANCI acrescenta que vai ser muito difícil quantificar quem vai precisar de ajuda. “Não há números objetivos. Nós vamos saber caso a caso e se nos comunicarem. Maria dos Anjos Catapirra reconhece que se um cuidador ficar doente, “as nossas pessoas vão ter um problema muito grave. No caso dos idosos não há IPSS que os recebam. No caso dos miúdos é a mesma coisa. Qual será a nossa situação? Isto é uma incógnita que nos está a afetar muito e gostaríamos de ter uma resposta."
Se os cuidadores informais principais iriam ter acesso a partir de 1 de abril, então como vamos ficar? Associação pede regime excecional
“Sabemos que, esta quarta-feira, dia 1, os projetos-piloto, nos concelhos indicados, deviam ter disponibilizado impressos. Nós estamos em altura de contenção e é complicado pôr as pessoas na Segurança Social porque nem sequer sabemos se o modelo está disponível. Online também não nos parece que esteja. O nosso grande objetivo é perceber o que o Governo já pensou e o que vai fazer com os cuidadores informais.” Maria Anjos Catarripa diz ser a voz de “muita gente aflita, principalmente, os cuidadores não principais. Há muitos centros de dia fechados. Há pessoas que pararam de trabalhar. Isto vai prolongar-se por uns meses e essas pessoas estão sem remuneração. Têm apenas faltas justificadas.”
A responsável da ANCI revela que são imensos os trabalhadores que já contactaram a associação. “Têm os centros de dia fechados - e, normalmente, quem está nesses centros de dia são pessoas com patologias, sem vida própria -, esses cuidadores ficaram em casa a tomar conta dos pais ou dos filhos adultos.
Nesta entrevista à Renascença, Maria Anjos Catapirra sugere que, excecionalmente, esses trabalhadores sejam equiparados aos pais com filhos até aos 12 anos, e possam receber um apoio financeiro. Recorda que esses cuidadores têm as faltas justificadas, depois de alguma insistência, porque não foi uma primeira medida. Depois entenderam que essas faltas deviam ser justificadas. Agora a questão é: como é que essas pessoas sobrevivem se não têm vencimentos. As faltas são justificadas, mas não estão a ser remuneradas, nem pelo patronato, nem pela Segurança Social”, conclui.