O jornal “The Washington Post” noticiou que a administração norte-americana liderada pelo Presidente Joe Biden "autorizou discretamente", esta semana, o envio de mais armamento para Israel, citando fontes dos Departamentos de Estado e de Defesa.
Ao final do dia de sexta-feira, o jornal tinha em manchete que a transferência de milhões de dólares em equipamento militar ocorre apesar das preocupações de Washington com uma ofensiva militar israelita prevista para Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que poderá ameaçar a vida de centenas de milhares de civis palestinianos.
O equipamento militar inclui mais de 1.800 bombas MK84, que têm sido associadas a baixas em massa ao longo do conflito em curso entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, e 500 bombas MK82, segundo o jornal norte-americano, que cita funcionários do Pentágono (Departamento de Defesa) e do Departamento de Estado, que falaram sob condição de anonimato.
Esta nova transferência ainda não foi oficialmente anunciada.
O jornal refere ainda que as bombas MK84 podem arrasar quarteirões e deixar crateras no solo com 12 metros de largura ou mais, e quase nunca são utilizadas pelas forças armadas ocidentais em zonas densamente povoadas, devido ao risco de vítimas civis.
O The Washington Post recorda, citando vários relatórios e notícias da imprensa internacional, que Israel utilizou largamente este tipo de bombas em Gaza, nomeadamente no bombardeamento de um campo de refugiados a 31 de outubro.
A edição ‘online’ do diário remete mesmo para uma reportagem do jornal The New York Times, baseada na análise de imagens aéreas de crateras de bombas, que mostram o uso regular de bombas de grande porte, no sul de Gaza.
As divergências entre Israel e os Estados Unidos sobre a ajuda humanitária em Gaza e um acordo do cessar-fogo levaram esta semana o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a cancelar a visita de dois dos seus principais conselheiros a Washington.
Netanyahu tomou esta decisão depois de os Estados Unidos não terem utilizado o seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, que aprovou pela primeira vez uma resolução a pedir um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Pela primeira vez também, os Estados Unidos abstiveram-se.
Segundo Netanyahu, a ação dos Estados Unidos da América (EUA) é “uma clara inversão da sua posição consistente no Conselho de Segurança desde o início da guerra” na Faixa de Gaza.
O jornal The Washington Post recorda ainda que o envio de armas para Israel preocupa os democratas aliados de Biden, que acreditam que os EUA têm a responsabilidade de reter armas na ausência de um compromisso israelita para limitar as baixas civis.
Quase seis meses após o início da guerra, desencadeada por um ataque do movimento islamista palestiniano Hamas contra Israel, a resposta do exército israelita na Faixa de Gaza causou a morte a mais de 32 mil pessoas, na maioria civis, mulheres e crianças, e ferimentos em mais de 75 mil, segundo números divulgados pela administração do território, controlado pelo Hamas desde 2007.