A guerra fria entre os EUA e a China entrou na fase do encerramento compulsivo de consulados. Washington fechou o consulado chinês em Houston, Texas, alegando este ser um centro de espionagem e de roubo de propriedade industrial. O simbolismo deste consulado é que foi o primeiro a abrir depois do restabelecimento de relações diplomáticas plenas entre os dois países, em 1979.
A China retaliou, encerrando o consulado americano em Chengdu, uma cidade no noroeste do país. A polícia americana prendeu uma cientista chinesa, que estava escondida no consulado chinês em S. Francisco e é acusada de passar segredos militares para a China. Pequim também se queixa de que centenas de milhares de estudantes chineses nos EUA são alvo de perseguição policial.
Depois da imposição em Hong Kong de uma lei de “segurança” elaborada em Pequim, os EUA retiraram ao território o tratamento especial que até aí lhe concediam. Essa lei foi mais um sinal de que o presidente Xi Jinping não tem sólidas intenções pacíficas. Internamente, é preocupante a maneira desumana com têm sido tratados os muçulmanos da minoria uhigur. Além, claro, do controlo estrito de qualquer residente na China por parte das autoridades.
Externamente Pequim reclama deter a soberania sobre 80% do mar ao sul do país, algo que os EUA, assim como os países vizinhos da China, não aceitam. Navios de guerra americanos têm patrulhado essa zona e não é impossível que, mais cedo ou mais tarde, ali se dê um confronto militar.
A atitude crescentemente agressiva que a China tem tomado já levou a UE a recomendar muito cuidado com os investimentos chineses. E o Reino Unido excluiu a Uuawei da sua nova rede (5G) de “smartphones”. O diretor do FBI americano disse há dias que a ameaça da China aos interesses americanos aumentou muito na última década. Em média, contou ele, cada 10 horas o FBI abre uma investigação a possíveis irregularidades cometidas por chineses.
A escalada na guerra fria entre os EUA e a China tem um outro motivo: a pandemia. A China escondeu os primeiros casos de infeção pelo coronavírus e está agora a sofrer de um forte recrudescimento de casos. Por isso convém a Xi Jinping desviar as atenções da pandemia.
Trump conduziu (?) de maneira catastrófica o combate à pandemia, o que se refletiu em sondagens negativas. Por isso voltou a chamar ao coronavírus o “vírus chinês”.
Ora a maioria dos americanos não gosta da China e dos seus métodos empresariais pouco ortodoxos. Afrontar a China é popular nos EUA. Como sempre, nas medidas que Trump toma ou ameaça tomar há uma importante motivação eleitoral.