O orçamento da Santa Sé para 2021 foi divulgado esta sexta-feira e prevê um déficit de quase 50 milhões de euros, que teria sido de 80 milhões se não houvesse o Óbolo de São Pedro (fundo com donativos dos fiéis ao Papa).
A crise causada pela pandemia é a causa de um orçamento mais restritivo, no qual as receitas previstas são muito menores do que as de 2019, antes da pandemia. Nesse ano, a receita foi de 307 milhões de euros, enquanto se prevê para este este ano uma queda de 30%, 213 milhões.
Entrevistado pelo portal “Vatican News”, o Padre Juan Antonio Guerrero Alves, prefeito da Secretaria para a Economia, explica que
"as despesas orçamentais para 2021 são as mais baixas da história recente da Santa Sé e que as contenções foram feitas sem diminuir o serviço à missão do Papa e defendendo os salários e empregos dos funcionários”. Por isso, conclui: “precisamos do apoio dos fiéis”.
Cerca de 50% do orçamento é composto por despesas com os funcionários. Em 2020 reduziu-se drasticamente o custo de consultorias (em 1,5 milhões), cancelaram-se todos os eventos planeados, incluindo visitas ad limina, Assembleias Plenárias, Conferências e Congressos (menos 1,3 milhões) e suspenderam-se as viagens (menos três milhões). No entanto, “a Santa Sé tem uma missão irrenunciável para a qual presta um serviço que inevitavelmente gera custos”, afirmou o responsável para a Economia do Vaticano.
Devido à situação gerada pela Covid-19, cinco milhões de euros foram alocados para ajudar, através da rede internacional da Cáritas, as necessidades urgentes das Igrejas mais desfavorecidas.
E se, em 2020, “devido à diminuição das receitas, podemos estimar uma redução nas reservas de mais de 40 milhões”, sublinha o padre Guerrero Alves, “agora podemos esperar que o mesmo se repita em 2021”. Para evitar maiores desequilíbrios, o Vaticano tem recorrido às reservas do Óbolo, cuja liquidez está, entretanto, a esgotar-se.
O prefeito para a Economia recorda que “a missão do Santo Padre é sustentada fundamentalmente pela contribuição dos fiéis”, agradece a generosidade muitos que, apesar da pandemia, “continuaram a colaborar porque acreditam na missão da Igreja e querem apoiar o Santo Padre” e promete “melhorar a transparência para que os fiéis saibam o que está a ser feito com as suas doações”.