A palavra "pandemia" é comum às listas dos vocábulos candidatos a palavras do ano de 2020, para Portugal, Angola e Moçambique, escolhidos pelo grupo Porto Editora, que abre a votação final ao público, na Internet.
A lista posta a votação online em Portugal inclui os termos "confinamento", "Covid-19", "discriminação", "digitalização", "infodemia", "pandemia", "saudade", "sem-abrigo", "telescola" e "zaragatoa".
A votação decorre este mês, até às 24h00 do dia 31, nos endereços em www.palavradoano.pt (Portugal), www.palavradoano.co.ao (Angola) e www.palavradoano.co.mz (Moçambique).
Os resultados serão anunciados no dia 4 de janeiro.
A Covid-19 e o confinamento a que esta tem obrigado, a nível global, desde março, estão na base da quase totalidade das palavras escolhidas pelas equipas do grupo editorial português, para uma eleição final que, este ano, se estende em simultâneo aos mercados angolano e moçambicano, onde a Porto Editora se estabeleceu através da Plural Editores.
Os casos de racismo e de "discriminação étnica" refletem-se igualmente na lista de palavras candidatas, como forma de traduzir "a grande preocupação" sobre situações que põem "em causa os valores humanistas".
Este ano, o movimento Black Lives Matter ganhou dimensão internacional, após a morte de George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos, ao ser detido por um polícia, exatamente dois meses antes do homicídio do ator português Bruno Candé, morto a tiro numa rua de Moscavide.
Em Moçambique, a situação em Cabo Delgado, no norte do país, levou à proposta da palavra "ataques".
Em Angola, além da pandemia, foi o adiamento das eleições autárquicas, assim como a "instabilidade social", sobretudo durante o estado de calamidade, que impuseram vocábulos como "manifestação" e "violência", de acordo a escolha da equipa de linguistas.
"Digitalização" resulta das prioridades surgidas no contexto da pandemia, em todos os setores da sociedade; "infodemia" é um neologismo que conjuga "'informação' e 'epidemia'"; "telescola" e "saudade" regressaram a primeiro plano, no cenário de confinamento.
A perda de rendimento, na atual crise, a "assumir contornos de calamidade", em vários setores, como o da cultura, colocou de novo o "problema social crescente" dos "sem-abrigo" na ordem do dia, refletindo-se na escolha.
A Porto Editora iniciou a escolha da Palavra do Ano, em Portugal, em 2009 e, em 2016, em Angola e Moçambique, através da Plural Editores.
Em 2019, "violência" foi a escolhida em Portugal, sobretudo pelo crescimento do número de casos de violência doméstica, que em 2019 esteve na origem da morte de 35 mulheres. Este ano, segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas, 30 mulheres tinham morrido até ao início de novembro, neste contexto.
No ano passado, a votação para Angola escolheu "IVA" e, a de Moçambique, "reconciliação".