O ministro da Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, acusa o PSD de irresponsabilidade pela suspensão da linha circular do metro.
“É uma completa irresponsabilidade e uma completa irresponsabilidade mormente do PSD, partido que já foi Governo, para além de ser uma óbvia interferência nos poderes de outros órgãos de decisão, neste caso do Governo, e na empresa pública Metro de Lisboa”, argumenta em declarações à Renascença.
O governante esclarece que esta “não é uma suspensão por um ano, é uma suspensão de pelo menos três anos” e garante que Portugal arrisca-se a “perder 83 milhões de euros de fundos comunitários”.
Os deputados aprovaram terça-feira à noite uma proposta do PAN que trava a criação de uma linha circular. A proposta teve os votos a favor do PSD, BE, PCP e Chega, os votos contra do PS e da Iniciativa Liberal e a abstenção do CDS, pelo que foi viabilizada.
A medida aprovada determina que que o “Governo procede, durante o ano de 2020, à suspensão do projeto de construção da Linha Circular do Metropolitano de Lisboa”, acrescentando que durante o ano 2020 o Governo realiza “através do Metropolitano de Lisboa, um estudo técnico e de viabilidade económica, que permita uma avaliação comparativa entre a extensão até Alcântara e a Linha Circular”.
O Executivo fica ainda obrigado a avançar com os estudos técnicos e económicos necessários com vista à sua expansão prioritária para o Concelho de Loures e “uma avaliação global custo-benefício, abrangendo as várias soluções alternativas para a extensão da rede para a zona ocidental de Lisboa”.
PSD rejeita "carrossel para turistas"
O assunto voltou ao debate no Parlamento esta quarta-feira de manhã, com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, a alinhar no mesmo discurso de críticas ao PSD.
A suspensão do processo "implica provavelmente o pagamento de fortes indemnizações" aos empreiteiros e arrisca a perda de "centenas de milhões de euros de fundos comunitários", disse o secretário de Estado.
Na resposta, o deputado do PSD, Carlos Silva, afirmou que "não há obra nenhuma" em curso e precisou que a aprovação destas propostas impede que o Governo "transforme o metro numa espécie de carrossel para turistas".
"Desejo das populações ficou garantido"
O Movimento "Contra o Fim da Linha Amarela" congratulou-se esta quarta-feira com a suspensão do projeto de construção da linha circular do Metro de Lisboa, frisando que o Governo irá agora ter um "momento para parar e poder pensar".
"Significa que o desejo das populações e o respeito pelas instituições ficou garantido", disse à Lusa Paulo Bernardo e Sousa, do movimento, recordando a recomendação feita pelo parlamento ao Governo em julho passado que já pedia a suspensão do projeto de expansão da linha circular.
"Agora, graças a esta suspensão, vai-se pensar as coisas de outra forma, é esse o nosso desejo. E já não se avança com gastos e despesas do dinheiro dos contribuintes", acrescentou Paulo Bernardo e Sousa.
O representante lembrou haver "soluções conhecidas" que a própria resolução já apontava, como o crescimento da linha para Alcântara e Loures.