A bandeira dos talibã já voa sobre um dos mais importantes postos fronteiriços entre o Afeganistão e o Paquistão.
Durante a noite forças talibã atacaram a cidade de Spin Boldak e, segundo relatos locais, esta caiu no espaço de horas, com muitos dos soldados afegãos a renderem-se ao primeiro sinal de confronto.
Embora o Governo em Cabul o negue, as forças jihadistas dizem que conseguiram ocupar a cidade toda no espaço de três horas, tendo-se registado a morte de quatro soldados. Fotografias colocadas nas redes sociais usadas pelo grupo mostram militantes sentados nos escritórios dos edifícios governamentais, diante de montes de dinheiro saqueados à alfândega.
O posto fronteiriço de Spin Boldak é o segundo mais importante do país e é por lá que passa grande parte do comércio e dos bens que entram no Afeganistão, o que torna esta a vitória estrategicamente mais importante dos taliban desde que começaram novamente a conquistar terreno, depois de as forças americanas terem começado a abandonar o país.
Esta quarta-feira a bandeira do grupo – branca com inscrição a negro da Shahadah, o juramento islâmico de que não há outro Deus senão Deus e que Maomé é o seu profeta – já podia ser vista a sobrevoar a passagem da fronteira, do lado afegão.
O Paquistão selou a fronteira e não se sabe como, nem quando, o comércio poderá ser reaberto. Caso chegue a ser, contudo, isso resultará numa importante fonte de rendimento para os jihadistas. A sua presença junto à fronteira é ainda uma fonte de preocupação para o Paquistão, visto que os talibã gozam de muito apoio naquele país, de onde são oriundos muitos dos seus combatentes.
A forma como o exército afegão está a capitular diante do avanço taliban faz recordar a expansão do autoproclamado Estado Islâmico no Iraque, em 2013, altura em que a segunda maior cidade do país foi ocupada praticamente sem resistência por parte do exército iraquiano. Foram precisos anos para recompor as Forças Armadas do Iraque e conseguir reconquistar o território, mas depois de vinte anos no Afeganistão, e com a retirada total anunciada para o final de Agosto deste ano, Washington poderá não estar interessada em investir mais tempo, dinheiro e vidas no apoio ao Governo afegão.