A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) registou 60 mil reclamações no ano passado. São em média 160 queixas por dia.
Os utentes queixam-se, sobretudo, dos preços, do sistema de pagamentos e das bilheteiras, da qualidade do atendimento e do atendimento deficiente nos estabelecimentos e no atendimento telefónico, além do exercício da atividade e do exercício da atividade sem licença.
O Relatório sobre Reclamações no Mercado da Mobilidade e dos Transportes, divulgado nesta sexta-feira, aponta para um aumento de 20,7% do primeiro para o segundo semestre. A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) recebeu, em 2017, 9.847 reclamações.
Na opinião da AMT, trata-se de uma consequência da degradação dos serviços públicos de transportes. João Carvalho, presidente deste organismo, comentou os números na Manhã da Renascença e avançou que, 24 das 60 mil queixas deram origem a contraordenações.
"Há uma maior celeridade na nossa intervenção, nas situações em que são detectadas irregularidades e impõem um acção fiscalizadora. Devo dizer que estão em andamento 24 processos contraordenacionais", apontou, acrescentando que "muitas das queixas, mesmo muitas não têm razão de existir”.
De acordo com o relatório, do total das queixas, a grande maioria (9.070) dizem respeito a inscrições no Livro de Reclamações dos diversos operadores e prestadores de serviços e as restantes 777 foram recebidas diretamente na AMT.
As cinco empresas que apresentaram o maior número de reclamações foram a Comboios de Portugal (CP - com 2.214), o Metropolitano de Lisboa (1.205), a Transtejo (608), a Rede Nacional de Expressos (522) e a Carris (349).
O relatório refere ainda um aumento significativo do número de reclamações contra os operadores de transporte em veículos ligeiros, táxis e plataformas eletrónicas de serviços de transporte, com um total de 106 queixas.
"Todas elas têm muito a ver com o comportamento do motorista e não vêm no Livro de Reclamações, porque o livro está na sede e o utente do táxi não está para ir à sede reclamar", adianta o presidente da AMT.
Neste subsetor, nem os prestadores em nome individual nem as empresas têm estabelecimentos para o atendimento ao público, pelo que não têm obrigação de possuir Livro de Reclamações. Na Manhã da Renascença, João Carvalho explica que "as plataformas não estão de acordo com a lei, portanto não estão reguladas. Não podemos regular”.