Os dois militares do curso de Comandos internados desde sexta-feira vão ter alta na próxima quarta-feira. Outros três recrutas já tiveram alta.
O internamento aconteceu após o exercício psicofísico – a antiga "prova zero". Segundo o Exército, os cinco militares afetados revelaram valores elevados de uma enzima, que terá provocado rabdomiólise (uma síndrome grave que ocorre na sequência de uma lesão muscular direta ou indireta e que pode causar a morte).
Contactada pela Renascença, fonte oficial do Exército indica que os dois militares que permanecem no hospital apresentam uma situação clínica não complicada e que o seu estado está a evoluir de forma positiva.
Este curso dos Comandos tem nesta altura 37 militares, sendo que já houve 22 desistências.
O local do exercício que levou à hospitalização foi alterado – passou para a Figueira da Foz, para estar mais perto do mar e a temperatura ser mais baixa.
Desde setembro de 2016, depois da morte de dois recrutas durante a “prova zero”, que o modo como o curso de Comandos decorre em Portugal tem sido alvo de particular atenção.
O exercício decorreu então na região de Alcochete, distrito de Setúbal.
Em junho de 2017, o MP deduziu acusação contra 19 militares, considerando que atuaram com "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocaram" nos ofendidos, encontrando-se o processo atualmente em fase de julgamento.
Os arguidos são ainda acusados de cometer várias agressões contra os recrutas, nomeadamente o facto de obrigarem os formandos a "rastejarem nas silvas" ou de privarem/racionarem a água aos instruendos, apesar das condições extremas de temperaturas elevadas.
Os oito oficiais, oito sargentos e três praças, todos militares do Exército do Regimento de Comandos, a maioria instrutores, estão acusados de abuso de autoridade por ofensa à integridade física.