O presidente da Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento Algarvio, Macário Correia, mostra insatisfação com os cortes divulgados, esta quarta-feira, para o setor agrícola algarvio, como medida para mitigar os efeitos da seca.
Depois da contestação dos agricultores, o Governo anunciou uma redução de 25% no consumo de água, no Algarve.
“São cortes injustos e não são proporcionais a outros setores”, afirma à Renascença. O ex-presidente das câmaras de Tavira e Faro acusa o que diz ser uma falta de gestão de recursos, nos últimos anos.
“O ministro esqueceu-se de dizer que as autarquias do Algarve despejam uma barragem com 30 hectómetros cúbicos inutilmente. As perdas nas redes dos municípios da região são superiores a 30%. É perfeitamente criminoso, em tempo de seca”, alega. Macário Correia lamenta que se tomem medidas “do lado dos cortes e não do armazenamento”.
Em Faro, no final da reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, o ministro do Ambiente acrescentou que haverá “no perímetro hidroagrícola do Sotavento, entre aquilo que é reduzido na disponibilidade de abastecimento de Odeleite mais aquilo que é compensado pela reativação de alguns furos naquela zona, uma redução de cerca de 50%”.
Já quanto à a albufeira do Funcho, a redução será de cerca de 40 por cento, adiantou também o ministro do Ambiente.
Nesse ponto, Macário Correia deixa críticas acusando o Governo de estar “a omitir a realidade”.
“Eu tenho conhecimento de propostas de mais de 50% de redução nos aproveitamentos hidroagrícolas. Eu continuo a ter um powerpoint oficial da APA (Agência Portuguesa do Ambiente) que fala em 72% de cortes para a agricultura”, declara.
O presidente da Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento Algarvio refere-se a uma situação grave para o setor, com uma iminente perda postos de trabalho.
“É proibido fazer novas culturas de regadio, mas não é proibido fazer novos hotéis. Ambos criamos emprego e acrescentamos valor, mas uns são proibidos e outros não”, comenta.
No setor urbano, que engloba o turismo e o consumo doméstico, o Governo anunciou uma redução em cerca de 15%, face ao ano passado.