A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, não esconde a tristeza e incompreensão com a saída do Reino Unido da União Europeia, que se concretiza oficialmente esta sexta-feira.
Ao longo do ano decorrem ainda negociações. A comissária portuguesa espera que se consiga preservar tudo o que de bom se construiu ao longo de décadas. Mas reafirma a posição europeia: o Reino Unido não pode pensar que vai ficar só com as partes que lhe interessam do projeto europeu e não dar contrapartidas. Há muito trabalho pela frente.
“Para mim, o fim deste mês é um momento muito triste. Ainda não é claro na minha cabeça quais são os ganhos nem para um lado nem para o outro. Só me ocorre uma palavra – inglesa: ‘nonsense’ [absurdo]. Continuo a não perceber, muita gente não percebe, metade dos britânicos não percebe”, confessou Elisa Ferreira, aos jornalistas, à margem do CITIES Forum 2020, que decorre até esta sexta-feira, no Porto.
Sendo que a rutura é uma realidade, Elisa Ferreira considera que durante este ano de negociações que se segue, nesta fase de transição, é preciso “preservar aquilo que há de bom em décadas de relacionamento das duas partes”.
Admitindo que nem sempre a vontade coincide com a realidade, Elisa Ferreira deixa, no entanto, um aviso: “a Inglaterra não pode ficar com as partes do projeto europeu que lhe interessam e não dar contrapartidas. É uma negociação difícil, mas vamos todos trabalhar.”
Na opinião de Elisa Ferreira, um resultado justo e equilibrado tem também que ser inteligente. E explica: “o que é importante é que em matéria comercial, da mobilidade das pessoas, defesa dos direitos dos trabalhadores, de um lado e de outro, se chegue a uma situação em que não se destrua o que se construiu. Os detalhes desta agenda não são fáceis e têm que ser todos bem trabalhados.”