“Hoje estou aqui e estou muito feliz”, disse Malala Yousafzai quando chegou à sua cidade natal, Mingora. Depois de cinco anos e meio, a ativista regressou ao seu país numa viagem marcada por muitas medidas de segurança, muita emoção e alguns protestos.
“Eu não sou Malala” foi o lema de um dos grupos que se manifestou contra a ação da paquistanesa. A principal associação de escolas privadas do país acusa a Prémio Nobel de praticar “terrorismo ideológico”.
Malala chegou ao Paquistão no sábado de manhã, num helicóptero militar, acompanhada pelos pais e pelo irmão. Muitas ruas foram cortadas ao trânsito e a circulação condicionada por militares do Exército.
Durante os quatro dias de visita, a jovem foi recebida pelo Governo e pelas instituições paquistanesas e, no discurso que proferiu no gabinete do primeiro-ministro, Shahid Khaqan Abbasi, afirmou, sem conter as lágrimas, que vivia “um sonho” e que há muito desejava voltar ao seu país.
“Tanta alegria em ver a minha família em casa, visitar os amigos e em pisar este solo novamente”, escreveu no Twitter, no sábado.
Malala Yousafzai abandonou o Paquistão entre a vida e a morte, após a tentativa de assassinato perpetrada por militantes talibãs quando regressava da escola. Estávamos em 2012. A jovem entrou no autocarro escolar e um homem armado chamou-a pelo nome, apontou-lhe uma pistola e disparou três tiros.
Uma das balas atingiu o lado esquerdo da testa e percorreu o interior da pele, ao longo da face e até ao ombro, deixando-a inconsciente e em estado grave. Assim que a sua condição clínica melhorou, foi transferida para um hospital em Birmingham, em Inglaterra.
Malala tornou-se um ícone dos direitos das raparigas à educação, o que lhe valeu o prémio Nobel da Paz em 2014, em conjunto com o indiano Kailash Satyarthi.