A oposição questionou, esta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, no parlamento sobre a sua escala em Budapeste onde assistiu à final da Liga Europa de futebol, com algumas críticas, mas o chefe do executivo não respondeu.
No debate preparatório do Conselho Europeu, na Assembleia da República, o social-democrata Miguel Santos foi o primeiro a questionar António Costa sobre a escala em Budapeste, na Hungria, criticando o facto de a deslocação não ter constado da agenda oficial do primeiro-ministro e acusando o governante de uma "progressiva "lenga-lenga" a explicar os acontecimentos".
"O senhor escolhe os amigos que quer, o senhor André Ventura também é amigo de Viktor Orbán [primeiro-ministro húngaro], neste anfiteatro devem ser os únicos", atirou o deputado do PSD.
Miguel Santos sustentou que o primeiro-ministro "não dá ponto sem nó" e acusou Costa de "explicações ligeiras" sobre o tema, questionando: "O que é que o senhor primeiro-ministro está a engendrar em termos europeus com o senhor Viktor Orbán?".
O deputado Diogo Pacheco de Amorim, do Chega, aludiu apenas à deslocação de Costa a Budapeste, mas o liberal Bernardo Blanco voltou de seguida às críticas e insistiu na pergunta sobre o porquê de o encontro não ter constado da agenda oficial do chefe do executivo, questionando se Costa iria pagar o voo.
BE e PAN lamentaram o facto de António Costa ter assistido à final da Liga Europa de futebol ao lado de Viktor Orbán, lembrando que o primeiro-ministro tem "criticado bastante a extrema-direita" em Portugal.
"É curioso que o senhor primeiro-ministro tem, em Portugal, criticado bastante a extrema-direita, tem feito, conjuntamente com o PS, a promoção de linhas vermelhas que são inultrapassáveis mas depois vamos a ver e há uma qualquer final de um jogo de futebol e o senhor primeiro-ministro vai-se sentar ao lado de Viktor Órban", atirou o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, acrescentando que para os bloquistas "é irrelevante se foi de Falcon ou se foi a nado".
Outros temas em cima da mesa
Destoando das críticas da oposição, o deputado do PS João Paulo Rebelo falou do conflito na Ucrânia, respondendo a quem sustenta que a UE "não está a promover a paz, porque neste momento contribui com ajuda para a perpetuação de uma guerra". O parlamentar contra argumentou que "o caminho para a paz" é exigir a imediata retirada de tropas russas de território ucraniano e o "fim das agressões a um país soberano".
O socialista deixou ainda um elogio ao primeiro-ministro, que gerou um pequeno "burburinho" da oposição: "O senhor primeiro-ministro é uma voz respeitada, considerada e ouvida na União Europeia e é isso que esperamos que faça no próximo Conselho".
Além da polémica sobre a escala em Budapeste, os deputados da oposição abordaram outros temas, com PSD, PCP, BE, PAN e Livre a manifestar preocupação com a crise migratória na Europa após o recente naufrágio ao largo da Grécia, que provocou a morte a um número ainda indeterminado de pessoas.
PSD e Iniciativa Liberal questionaram o primeiro-ministro sobre as relações entre Portugal e a China e o deputado Bruno Nunes, do Chega, abordou o acordo europeu alcançado no início de junho sobre novas regras de asilo e disse que o Chega está "seriamente a ponderar apresentar uma queixa no tribunal europeu" contra o Governo "pela forma como não respeitam as regras do espaço Schengen".
A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, questionou o primeiro-ministro sobre as recomendações da Comissão Europeia para o semestre europeu - "eufemismo usado para impor políticas e orientações neoliberais pela União Europeia contrárias ao interesse nacional", entre elas, "eliminar até ao final de 2023 as medidas de apoio à energia em vigor, e canalizar as economias correspondentes para reduzir o défice", avisando que se pode traduzir em energia mais cara para as famílias e empresas.
O próximo Conselho Europeu decorre nos dias 29 e 30 de junho, em Bruxelas.
O primeiro-ministro afirmou, em comunicado do seu gabinete divulgado segunda-feira, que esteve na final da Liga Europa de futebol, em Budapeste, no passado dia 31, a convite da UEFA e ficou sentado ao lado do seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, por tratamento protocolar.
Em 31 de maio, António Costa, que viajava num Falcon 50 da Força Aérea, fez uma escala em Budapeste quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que a paragem constasse da sua agenda pública, segundo noticiou o Observador.
De acordo com o mesmo jornal, o chefe do Governo português assistiu ao jogo da final da Liga Europa de futebol entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.