O Papa lançou no Vaticano a “Plataforma de Ação ‘Laudato Si’”, sublinhando a necessidade de enfrentar a atual “crise ecológica sem precedentes” – “um caminho de sete anos que envolverá as nossas comunidades de várias formas, para que se tornem totalmente sustentáveis no espírito da ecologia integral”.
Numa mensagem vídeo divulgada esta terça-feira, Francisco lembrou que há “algum tempo, que esta casa que nos hospeda, sofre com as feridas que causamos por uma atitude predatória, que nos faz sentir donos do planeta e dos seus recursos e nos autoriza a usar irresponsavelmente os bens que Deus nos deu”. Preocupado com tantas feridas que “se manifestam dramaticamente numa crise ecológica sem precedentes, que afeta o solo, o ar, a água e, em geral, o ecossistema em que vive o ser humano”, o Papa acrescentou que “a atual pandemia trouxe à luz o grito da natureza e dos pobres que mais sofrem com as suas consequências, evidenciando que tudo está interligado e interdependente e que a nossa saúde não está separada da saúde do meio ambiente em que vivemos.”
Neste contexto, considera urgente “uma ecologia humana integral, que envolva, não só as questões ambientais, mas o homem na sua totalidade, torna-se capaz de ouvir o grito dos pobres e de ser fermento para uma nova sociedade”.
Preocupado, sobretudo com as gerações futuras, Francisco interroga-se: “Que mundo queremos deixar para as nossas crianças e jovens? O nosso egoísmo, a nossa indiferençaa e os nossos estilos irresponsáveis estão a ameaçar o futuro de nossos filhos!”
Por isso, deixa um apelo. “Cuidemos da nossa mãe Terra, superemos a tentação do egoísmo que nos torna predadores dos recursos, cultivemos o respeito pelos dons da Terra e da criação, inauguremos um estilo de vida e uma sociedade que finalmente seja eco-sustentável. Temos a oportunidade de preparar um amanhã melhor para todos. Recebemos das mãos de Deus um jardim, não podemos deixar um deserto aos nossos filhos”.
A plataforma implica um caminho de sete anos relacionado com sete realidades: famílias; paróquias e dioceses; escolas e universidades; hospitais; empresas e explorações agrícolas; organizações, grupos e movimentos; e institutos religiosos.
A Santa Sé propõe também sete objetivos a alcançar neste caminho: “a resposta ao grito da terra, a resposta ao grito dos pobres, economia ecológica, adoção de simples estilos de vida, educação ecológica, espiritualidade ecológica, envolvimento comunitário e ação participativa”.