Isidro Morais Pereira, do Gabinete de Segurança e Defesa da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, admite que Portugal sai com imagem fragilizada do ataque informático que colocou documentos portugueses da NATO à venda no mercado negro.
Em declarações à Renascença, o Major-General diz que "o mal já existe" e que agora é tempo de "investigar de forma séria". "Ir ao âmago das questões e, ainda mais do que isso, criar mecanismos para que isto não aconteça no futuro", realça.
Para piorar o cenário, Morais Pereira diz que ainda há "incertezas" sobre a informação que foi roubada ao Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA): "Nós não sabemos se são documentos portugueses, produzidos em Portugal em resposta a perguntas da NATO, ou se se tratou de documentos da NATO que nós cedemos e que precisamos de os estudar e aceder".
"Houve uma quebra qualquer de segurança e esses documentos foram parar a mãos alheias", lamenta.
De acordo com o que foi avançado pelo Diário de Notícias (DN), o Governo português foi alertado para a situação pelos Serviços de Informação dos Estados Unidos, no passado mês de agosto. O Major-General diz ser natural que "tenham sido os próprios americanos os primeiros a descobrir que isto se passou".
"Os Estados Unidos são o país que está mais evoluído, quer em matéria de defesa e cibersegurança, quer na utilização da ciberarma. Esta capacidade tencológica, naturalmente, exige um investimento vultuosíssimo", explica Isidro Morais Pereira.
Segundo o Major-General, a NATO e também Portugal dispõem de mecanismos para controlar e investigar os ciberataques, que "funcionam todos os dias no sentido de proteger não apenas a sua organização, o seu Estado, designadamente o Ministério da Defesa e as Forças Armadas, mas também outros setores importantes da vida do país".
Portanto, dada a importância destas operações, Morais Pereira salienta a necessidade de um maior investimento na proteção das bases de informação, tanto militares como civis.
"Espero que este incidente venha a alertar quem de direito para a necessidade de investirmos um pouco mais nisso, para que não voltemos a ser surpreendidos desta forma", remata.
Contactado pela Renascença, o Estado-Maior General das Forças Armadas diz que está a analisar a divulgação da notícia avançada pelo DN e que, para já, não faz comentários ao caso. Já o Ministério da Defesa diz apenas que “todos os ciberataques são objeto de coordenação estreita entre as entidades que, em Portugal, são responsáveis pela cibersegurança”.
A NATO já terá exigido explicações e garantias ao Governo português e, na próxima semana, irá encontrar-se com representantes de António Costa no quartel-general da NATO, em Bruxelas, para uma reunião de alto nível no NATO Office of Security.