​Hospitais à beira de bater recordes na procura das urgências
29-12-2016 - 12:10
 • Pedro Mesquita

Esta manhã, os doentes urgentes chegavam a esperar mais de três horas, no Hospital de S. João, no Porto. A situação não tem sido muito diferente noutros hospitais, em Lisboa e no Algarve.

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A Direcção-geral da Saúde admite que a procura das urgências hospitalares pode bater recordes este ano. De acordo com os dados disponíveis, as urgências do Serviço Nacional de Saúde têm registado um aumento considerável devido à gripe, o que está a provocar demoras no atendimento em diversas unidades.

Esta manhã, os doentes considerados urgentes chegavam a esperar mais de três horas, no hospital de São João, no Porto, quando o normal é serem vistos no espaço de uma hora. A situação não tem sido muito diferente noutros hospitais, como o Santa Maria, em Lisboa, e o Centro Hospitalar do Algarve.

Em declarações à Renascença, a sub-directora geral da Saúde, Graça Freitas, diz que “a tendência indica que será, pelo menos, um ano comparável aos de 2014/2015 e 2011/2012”, anos que “em que houve maior movimento, maior actividade gripal e maior procura de serviços”.

Graça Freitas refere, no entanto, que nesta altura regista-se ainda uma “curva ascendente que apesar de tudo apresenta valores ainda inferiores aos de 2014/2015”.

As contas finais à escala nacional não estão ainda fechadas, mas, para alguns hospitais, este é já o ano com maior procura das urgências, na última década.

“Ainda temos que analisar o agregado do país, o que não quer dizer que determinadas instituições não tenham tido, de facto, o maior afluxo dos últimos dez anos. Ainda ontem, ouvi o presidente do Conselho de Administração do Santa Maria dizer isso e, se ele diz isso, é porque dispõe de dados nesse sentido”, afirma.

Pico de gripe em Janeiro

Há cada vez mais idosos na população portuguesa, um dado que também ajuda a explicar a elevada procura dos hospitais. Por outro lado, há um elevado número de casos de gripe e a população com idade mais avançada é a mais afectada.

O pico de gripe, cujo vírus é, este ano, um H3, ainda não foi atingido. "Só teremos a certeza de que atingimos o pico quando começarmos a descer", explica Graça Freitas.

A sub-directora geral da Saúde diz acreditar que esse momento "só acontecerá em Janeiro".

"Quando nós temos um vírus de gripe H3 em circulação, como acontece este ano, temos epidemias de gripe bastante mais intensas, com mais gente doente, com mais idosos descompensados, com mais internamentos e, às vezes, também, com mais mortalidade.”

Na semana passada, o Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, divulgada pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, já previa um aumento da actividade gripal.

A vacina da gripe é gratuita e recomendada para os cidadãos a partir dos 65 anos de idade e para pessoas residentes ou internadas em instituições, nomeadamente lares de idosos. Este ano, foi alargada também a doentes a aguardar transplante, que fazem quimioterapia, com trissomia 21, fibrose quistica, doença neuromuscular ou défice de alfa 1 anti-tripsina. Entre os alvos prioritários, estão também grávidas, doentes crónicos e imunodeprimidos com seis ou mais meses de idade e os profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados.

Quanto às receitas médicas nas quais seja prescrita, exclusivamente, a vacina contra a gripe, são válidas até 31 de Dezembro.