Morreu o antigo ministro das Finanças João Salgueiro, anunciou esta sexta-feira a Presidência da República. O economista e banqueiro tinha 88 anos.
"Portugal perdeu hoje um dos seus mais brilhantes economistas da segunda metade do século XX", afirma Marcelo Rebelo de Sousa, em comunicado.
Além de subsecretário de Estado do Planeamento num governo de Marcello Caetano, foi ministro do Estado, das Finanças e do Plano já depois do 25 de Abril, num executivo de Francisco Balsemão, entre 1981 e 1983.
João Salgueiro foi também presidente da Associação de Bancos Portugueses.
A Presidência da República recorda que João Salgueiro "formou-se no ISCEF, hoje ISEG, onde ensinou, e teve um papel particularmente importante no planeamento económico, no nascimento das regiões plano, que viriam a dar origem às CCDR".
Também participou "na tentativa, falhada, de modernização no tempo de Marcello Caetano, no setor bancário público nos anos 70 e 80, no Ministério das Finanças, na liderança de uma das mais importantes sensibilidades dentro do PPD-PSD e, durante 50 anos, na SEDES, de que foi inspirador, presidente e figura tutelar, na transição para a a Democracia e até ao século XXI", refere o Palácio de Belém.
Marcelo Rebelo de Sousa "evoca e agradece o seu constante e sempre prospetivo contributo cívico, assinalado com a Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe atribuiu em 2021, e apresenta os seus sentidos sentimentos à sua Família".
Salgueiro viu Cavaco ganhar o PSD
João Salgueiro iniciou a sua vida profissional no Banco de Fomento Nacional e manteve sempre um percurso ligado à banca.
João Maurício Fernandes Salgueiro nasceu em Braga a 4 de setembro de 1934 e licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa.
Presidiu à Juventude Católica Portuguesa e participou na fundação da Sedes em 1970, tendo sido presidente da Assembleia Geral desta associação cívica.
Em 1969 foi nomeado subsecretário de Estado do Planeamento no Governo liderado por Marcello Caetano e ocupou o cargo até 1971.
Após a revolução do 25 de Abril aderiu ao PSD e entre agosto de 1974 e março de 1975 foi vice-governador do Banco de Portugal.
No VIII Governo Constitucional (1981-1983), uma coligação que englobava o PSD, o CDS e o PPM, liderada por Pinto Balsemão, João Salgueiro ocupou o cargo de ministro de Estado e das Finanças. Depois exerceu ainda funções de deputado e foi presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia da República.
No XII congresso do PSD, realizado em maio de 1985 na Figueira da Foz, foi candidato à liderança do partido, mas viria a surgir um outro candidato que saiu vencedor, Aníbal Cavaco Silva.
João Salgueiro exerceu funções docentes ligadas à economia e à gestão bancária e ocupou diversos cargos na banca, tendo sido Presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional Ultramarino e da Caixa Geral de Depósitos, de onde saiu em 2000, justificando que não estavam asseguradas "as orientações estratégicas" que o tinham levado a aceitar o cargo quatro anos antes.
Nesse ano, assumiu a presidência da Associação Portuguesa de Bancos, após alterações aos estatutos que permitiram que o líder não fosse um banqueiro, e foi ainda vice-presidente do Conselho Económico e Social.