O Bloco de Esquerda reúne-se este fim-de-semana em convenção nacional ainda no rescaldo do referendo à saída do Reino Unido. Uma consulta popular em Portugal sobre a União Europeia não está em cima da mesa, como garantiu a líder do Bloco, Catarina Martins à entrada para a convenção.
“Neste momento não ganhamos em achar que as soluções para todos os países são referendos que podem por em campos opostos soluções que são todas más. Este é o momento de a política assumir responsabilidade e fazer propostas sobre a alternativa de construção”, afirmou Catarina Martins à chegada ao pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.
A líder do Bloco lembrou que em Portugal nunca houve um referendo sobre a construção europeia e que o Bloco “propôs sempre” que as decisões sobre integração europeia fossem referendadas porque “o povo português tem o direito de ser ouvido”. Mas, concluiu, “este não é o momento de os países terem cartadas de referendos, este é o momento de por em cima da mesa alternativas pensadas e discutidas para, depois sim, termos espaços de legitimidade democrática. Veremos quais.”
O Bloco, contudo, não desiste de mudar a forma como Bruxelas. Para o líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, a Europa precisa de mudar em concreto o Tratado Orçamental, mas não se podem confundir realidades.
“Não se pode confundir um referendo sobre construção da união europeia com um referendo para a desistência da União Europeia. Essa é outra matéria. É para ai que estão a ser atirados muitos povos, com as políticas que a União Europa está a fazer ”, afirmou Pedro Filipe Soares também à chegada à convenção.
O líder do Bloco dá o exemplo das possíveis sanções a Portugal pelo incumprimento do défice do ano passado: “Se a Comissão Europeia e o Conselho acharem que o prioritário neste momento é discutir sanções sobre Portugal ou sobre Espanha perceberemos bem quão alheada está da realidade esta elite europeia que não está à altura das suas responsabilidades.”
Para o ex-líder do Bloco, Francisco Louçã, o tempo não, é para já, de referendos. Esses deveriam ter existido há muito. “Portugal devia ter feito referendo para a entrada na união Europeia, devia ter feito um referendo sobre o euro, foi prometido um referendo sobre o tratado que deu origem ao tratado de Lisboa”, disse Louçã à chegada ao pavilhão, reafirmando também a Europa falhou enquanto projecto. E exemplo disso, disse este fundador do Bloco, é a falta de resposta aos cidadãos europeus.
Quanto a consultas populares “devem ser feitas”, mas concluiu Louçã: “Agora a escolha do momento e da mobilização é uma escolha política que o Bloco fará”.