O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, deverá ser um homem livre na sequência de um acordo com a justiça dos Estados Unidos, avançou esta terça-feira a agência Reuters.
Detido há vários anos no Reino Unido e a aguardar um processo de extradição para os EUA, Julian Assange vai esta semana declarar-se culpado de violar a Lei de Espionagem norte-americana.
Em causa está um crime de conspiração para obter e divulgar documentos confidenciais de defesa nacional dos EUA, de acordo com documentos apresentados no Tribunal Distrital dos EUA para as Ilhas Marianas do Norte.
O acordo judicial vai permitir ao fundador do WikiLeaks deixar o Reino Unido e viajar para a Austrália, a sua terra natal, colocando um ponto final numa longa batalha judicial.
Assange deverá ser condenado a uma pena de cinco anos de prisão, tempo que já cumpriu no Reino Unido. Após a audiência, marcada para quarta-feira, na ilha de Saipan, deverá regressar a casa.
O ativista deixou esta segunda-feira a prisão onde estava detido no Reino Unido e viajou de avião para o estrangeiro, revelou o Wikileaks.
"Julian Assange está livre. Ele deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh na manhã de 24 de junho, depois de ter passado 1.901 dias lá. Ele recebeu autorização do Supremo Tribunal de Londres e foi libertado no aeroporto de Stansted durante a tarde, onde embarcou num avião e partiu do Reino Unido", refere a organização.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram Assange a embarcar num avião.
"Ao regressar à Austrália, agradecemos a todos os que estiveram ao nosso lado, lutaram por nós e permaneceram totalmente empenhados na luta pela sua liberdade. A liberdade de Julian é a nossa liberdade", refere o Wikileaks, em mensagem publicada nas redes sociais.
A defesa do fundador do Wikileaks ainda não comentou a notícia.
Em 2010, o site WikiLeaks divulgou ao mundo centenas de milhares de documentos militares confidenciais dos EUA sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, juntamente com trechos de telegramas diplomáticos. Foi considerada a maior violação de segurança deste tipo na história militar norte-americana.
Entre os mais de 700 mil documentos revelados na internet, está o vídeo de um ataque aéreo norte-americano que matou dezenas de pessoas no Iraque, incluindo dois funcionários da agência Reuters.
A informação foi fornecida ao Wikileaks por Chelsea Manning, uma antiga militar norte-americana que trabalhava como analista de informações de inteligência, que também foi acusada ao abrigo da Lei da Espionagem.
Julian Assange foi inicialmente detido no Reino Unido, em 2010, na sequência de um mandado das autoridades suecos, por uma queixa de alegados crimes sexuais que foi mais tarde retirada.
O programador informático e ativista refugiou-se na Embaixada do Equador em Londres, onde esteve durante sete anos, para evitar a extradição para a Suécia.
Foi retirado da embaixada em 2019. Desde estão está detido na prisão de alta segurança de Belmarsh a lutar contra o processo de extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de violar a Lei de Espionagem.
"Estou confiante que agora chegou ao fim", diz mulher
Stella Assange, a mulher do fundador do WikiLeaks, disse estar confiante de que o marido vai ser livre.
Num vídeo gravado a 19 de junho, mas publicado esta terça-feira, após a notícia da libertação de Julian, junto à prisão de Belmarsh, no Reino Unido, Stella Assange afirmou que esta era “um novo capítulo”.