A adesão ao segundo dia de greve dos enfermeiros ronda os 80%, segundo dados provisórios avançados esta quinta-feira do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
“No turno da noite, a adesão ultrapassou os 75% de adesão. No turno da manhã, temos hospitais com 100% de adesão, como é o caso do Montijo e do Outão; temos o São José com 88%, Estefânia com 80,7%, 82% no Hospital do Barreiro, 82,1% no Hospital de São João”, disse, no Porto, o sindicalista José Carlos Martins.
Na quarta-feira, primeiro dia de greve dos enfermeiros, foram adiadas de centenas de cirurgias em todo o país.
Desde janeiro, os enfermeiros já cumpriram mais de uma centena de dias de greve.
Continua a haver uma “adesão muito expressiva” à greve, “com a noção de que os salários dos enfermeiros são baixos, o que quer dizer que, perder dias por greve, é um investimento que não sabemos se vai ter retorno”, sublinha José Carlos Martins.
Para sexta-feira, está agendada uma reunião negocial entre os sindicatos e o Ministério da Saúde. José Carlos Martins não acredita que haja avanços.
“A nossa expetativa é mediana, face às afirmações que, ontem, o ministro da Saúde proferiu em nome do Governo: reconheceu que as reivindicações são justas, o que quer dizer que a consequência prática e honesta do Governo terá que ser a apresentação de uma proposta que responda aos problemas e exigências dos enfermeiros. A última foi proposta foi para manter ou piorar a carreira que hoje temos. Isto é inadmissível”, lamenta o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, afirmou, na quarta-feira, que o Governo tem "uma vontade enorme" de chegar a um entendimento com os enfermeiros sobre o modelo de carreira e valorização profissional, considerando que essa reivindicação é justa.
"O que é a vontade dos enfermeiros terem uma arquitetura de carreira diferente que os valorize e prestigie é reconhecido como justíssimo por parte do Governo. Se há grupo profissional na saúde que precise recriar um modelo de desenvolvimento profissional são os enfermeiros", afirmou Adalberto Campos Fernandes.
A paralisação nacional repete-se nos dias 16, 17, 18 e 19 de outubro, dia em que está marcada uma manifestação em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
Os sindicatos exigem a revisão da carreira de enfermagem, a definição das condições de acesso às categorias, a grelha salarial, os princípios do sistema de avaliação do desempenho, do regime e organização do tempo de trabalho e as condições e critérios aplicáveis aos concursos.
A greve é convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), pelo Sindicato dos Enfermeiros da Região Autónoma da Madeira (SERAM), pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (SINDEPOR) e pela Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE).