O Papa Francisco, na sua mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, lembra que os mais desfavorecidos não são só números nem estatísticas, mas sim pessoas que devemos encontrar.
Com o título "A esperança dos pobres jamais se frustará", o Papa alerta para "as novas escravidões a que estão submetidos milhares de homens, mulheres, jovens e crianças" e denuncia a indiferença e o incómodo de muitos ao verem "os pobres nas lixeiras a catar o descarte e o supérfluo, a fim de encontrar algo para se alimentar ou vestir", ao ponto de os próprios pobres se tornarem "parte de uma lixeira humana" e "tratadas como lixo, sem que isto provoque sentido de culpa em quantos são cúmplices deste escândalo".
Foi Francisco que, em 2017, instituiu este Dia Mundial dos Pobres, que este ano se celebra no próximo domingo, dia 17 de novembro.
Na sua mensagem, o Papa reafirma que "os pobres não são parasitas da sociedade" nem devem ser tratados "com retórica" nem "suportados com fastio" e recorda que "a condição de marginalização em que vivem acabrunhadas milhões de pessoas não pode durar muito tempo". E acrescenta, citando o padre Primo Mazzolari: "O pobre é um contínuo protesto contra as nossas injustiças, é um paiol. Se lhe ateias fogo, o mundo vai pelo ar."
Para ultrapassar este drama, sublinha Francisco, é necessária "uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial" e para sermos capazes de acompanhar os pobres, "não por alguns dias permeados de entusiasmo, mas com um compromisso que perdura no tempo".
Neste contexto, mais do que "a sopa quente ou a sanduíche que oferecemos, os pobres precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam simplesmente de amor".
E deixa um conselho: "Durante um dia, deixaremos de parte as estatísticas. Os pobres não são números que invocamos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas que devemos encontrar."
Para assinalar o Dia Mundial dos Pobres este domingo, o Papa Francisco vai reservar os primeiros lugares na Basílica de São Pedro para os mais pobres durante a missa. No final da oração do Ângelus, participará num almoço com 1.500 pessoas necessitadas, muitas delas sem abrigo.