A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) avisou que o crescimento e o desemprego estão a atingir níveis anteriores à crise económica, mas os salários estão estagnados em níveis sem precedentes.
No ultimo relatório "Employment Outlook", a organização admite que, com o desemprego a baixar e a economia a recuperar, os salários deviam estar a aumentar mais, algo que não está a acontecer.
O relatório, divulgado esta quarta-feira, diz que a fraca expansão dos salários, especialmente vincada em países como Portugal, é explicada pela criação de empregos em setores de baixa produtividade e pela estagnação do poder negocial dos trabalhadores. E é para que essa recuperação ganhe agora força que, no "Employment Outlook 2018", a OCDE, diz que o recuo do desemprego durante a recuperação deve ser acompanhado por aumentos salariais.
Os números são claros: em média, o crescimento dos salários por hora nos países da organização, no último trimestre de 2017, ainda era 0,4 pontos percentuais mais baixo do que no final de 2008, enquanto o desemprego estava em níveis similares.
A OCDE adverte que em termos de qualidade e segurança dos postos de trabalho, a pobreza tem vindo a crescer na população trabalhadora, alcançando os 10,6% em 2015, face aos 9,6% observados uma década antes. “O crescimento dos salários permanece substancialmente mais baixo do que antes da crise financeira. No final de 2017, o crescimento dos salários nominais na OCDE era apenas metade do que era dez anos antes”, refere.
Portugal é um dos países onde esta tendência é mais vincada. Comparando o período de 2000 a 2007 e de 2007 a 2016, o crescimento médio anual dos salários medianos para os trabalhadores a tempo inteiro caiu 1,5 pontos percentuais no conjunto da OCDE, mas a queda ultrapassou os três pontos percentuais na Irlanda, Grécia e Portugal, bem como em muitos países da Europa de Leste.