O aumento de preços das casas em Portugal não dá sinais de abrandamento. Só em 2022, subiram 18,7%, a valorização anual mais elevada dos últimos 30 anos, de acordo com o último Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliário, divulgado esta terça-feira.
Segundo a Confidencial Imobiliário, é necessário recuar a 1991 para encontrar uma taxa de variação homóloga no final do ano (18,8%) superior à registada no último mês de dezembro de 2022.
Em declarações à Renascença, Paulo Caiado, Presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), diz que o valor histórico registado era “expectável”. E mais: defende que “tem uma representatividade muito relativa”, tendo em conta que tem por base uma média absoluta para habitação nacional.
“As casas atingiram valores muito elevados nos grandes centros urbanos. E isso tem feito com que cada vez mais pessoas se desloquem para localizações onde encontram imóveis mais baratos. Estamos a falar, por norma, em concelhos que não tinham grande pressão de procura e começaram a ter. Ora, o que é que aconteceu? Nessas localizações, onde estavam as casas com valores mais baixos, a valorização tem sido muito significativa, mas porque a plataforma de partida era muito baixa”, explica.
Segundo Paulo Caiado, “estamos a falar de concelhos em que os valores médios de metro quadrado eram muito baixos. Imagine, por hipótese, de 700 euros. Ao passar de 700 para 900 ou para mil, a subida é enorme, ainda que este valor continue a ser baixo.”
Em causa, não estão propriamente os subúrbios das grandes cidades, mas várias zonas do país. “Os chamados subúrbios já tinham pressão.”
“Se pegar nos números de Lisboa para os últimos, aquilo que vai constatar é que quase não há oscilação, que os preços se têm mantido estáveis e que não há nenhuma subida com grande expressão há muito tempo”, afirma ainda.
O incremento de quase 19% em 2022 segue em linha com o dos anos de 2018 e 2019, ou seja, o período pré-pandemia, com valorizações homólogas em dezembro de 15,4% e 15,8%, respetivamente.
Desde 2017, os preços têm vindo a evoluir quase sempre na casa dos dois dígitos. Mesmo 2020 e 2021, que tiveram um crescimento mais moderado, fruto das circunstâncias internacionais, foram anos de valorização. Então, no primeiro ano da Covid-19 em solo nacional, deu-se um aumento de 4,8%, e no seguinte já de 12,2%.
Em 2022, na primeira metade do ano, mais concretamente até julho, os preços mantiveram uma trajetória de aceleração, com sucessivas subidas mensais médias de quase 2,0%.
A segunda metade de 2022 foi de perda de intensidade, com um arrefecimento das variações mensais, que por duas vezes foram inferiores a 1,0%, entrando inclusive em terreno negativo (variação mensal de -0,5% em setembro).