As bebidas alcoólicas podem vir a ter mensagens ou imagens de desincentivo ao consumo, à semelhança do que já acontece no tabaco.
Esta é uma das recomendações que será apresentada à Comissão Europeia no âmbito AlHaMBRA, um projeto europeu dedicado ao consumo de álcool liderado por Manuel Cardoso, do Serviço de Intervenção nos Comportamento Aditivos e nas Dependências (SICAD).
“É uma possibilidade que está em cima da mesa”, reconheceu à Renascença o médico, adiantando que o objetivo de um dos três estudos desenvolvidos foi “perceber quais a melhores mensagens, qual a melhor forma de as colocar e a dimensão do rótulo para que seja efetivamente lida”.
Outra análise foi saber se “faz ou não sentido colocar na mensagem escrita de que o álcool é cancerígeno ou pode causar cancro”, especificou.
O aumento das restrições na publicidade nestas bebidas é outra das propostas que será apresentada à Comissão Europeia. “Naturalmente vai ter de haver restrições à publicidade”, defendeu o responsável, lamentando que não se cumpra a legislação. Por exemplo, quando há a associação de bebidas alcoólicas a eventos, nomeadamente, os desportivos.
“Quando temos uma proibição de publicidade, nomeadamente, na TV e na Rádio, entre as 7h00 e as 22h00, e depois vemos durante todo o dia conferências de imprensa, por exemplo, relacionadas com o futebol patrocinadas por bebidas alcoólicas. Isto nem sequer é o cumprimento da legislação é efetiva”, aponta.
“Realmente, tem de ser olhar para a legislação e rever as questões da publicidade”, defendeu.
Os resultados dos estudos desenvolvidos ao abrigo do projeto AlHaMBRA - Alcohol Harm: measuring and building capacity for policy response and action (Efeitos nocivos do álcool: medindo e construindo capacidade para resposta e ação política) - são apresentados durante a conferência final que decorre até terça-feira, no Centro do de Congressos de Lisboa.
A promoção da articulação entre os vários Estados-membros na adoção de políticas comuns em relação ao consumo de álcool é o objetivo do projeto coordenado pelo SICAD e financiado pelo Programa de Saúde da UE 2014-2020, com a Agência Executiva de Saúde e Digital, da Comissão Europeia.