O Presidente russo, Vladimir Putin, disse hoje que a União Europeia (UE) perderá mais de cerca de 400 mil milhões de euros no próximo ano, devido às sanções que impôs contra Moscovo, por causa da invasão da Ucrânia.
"Segundo estimativas de especialistas, a febre das sanções pode causar prejuízos diretos à UE de mais de 400 mil milhões de dólares (cerca de 400 mil milhões de euros) no próximo ano. Esse é o preço de decisões distantes da realidade e tomadas sem bom senso", denunciou Putin, no Fórum Económico de Petersburgo.
Para o líder russo, a UE já perdeu a sua soberania e as suas elites "dançam ao som da música de outros", referindo-se à influência dos Estados Unidos e à incapacidade dos países europeus para definirem uma estratégia própria.
"Fazem tudo o que desde cima lhes mandam fazer, causando danos à sua própria população e à sua economia, aos seus negócios", denunciou Putin, referindo-se às sanções impostas a Moscovo por Bruxelas.
Putin disse que a inflação em vários países da zona euro já ultrapassou os 20%, em grande parte por causa do boicote aos produtos energéticos russos.
"O aumento dos preços, a inflação, os problemas com alimentos e combustíveis, gasolina, os problemas do setor energético como um todo são fruto de erros sistémicos na política económica do atual Governo norte-americano e da burocracia europeia", explicou Putin.
Sobre o impacto das sanções ocidentais na economia russa, Putin desvalorizou os efeitos.
"Estamos a normalizar a situação económica, passo a passo. Começámos por estabilizar os mercados financeiros, o sistema bancário e as cadeias comerciais. Depois, começámos a injetar liquidez na economia, para manter a estabilidade das empresas", disse Putin.
"Estados Unidos parecem não perceber..."
Vladimir Putin defendeu ainda que estamos a viver o fim do mundo unipolar liderado pelos Estados Unidos, apesar das tentativas do Ocidente de o preservar "através de todos os meios".
Para o Presidente russo, essa era "chegou ao fim" e vamos assistir a uma mudança "que é um processo natural da história".
"Os Estados Unidos parecem não perceber que, nas últimas décadas, novos e poderosos centros se formaram e estão cada vez mais a ganhar voz, cada um deles desenvolvendo os seus sistemas políticos e instituições públicas", explicou Putin.
Para explicar o declínio do Ocidente, o líder russo lembrou que os EUA deixaram de ser um país exportador, para se tornarem economia importadora, o que provocou uma crise económica global.
Sobre a situação na Ucrânia, Putin garantiu que as forças militares russas cumprirão "sem falhas" os objetivos iniciais da "operação militar especial", iniciada em fevereiro.
O Presidente russo elogiou a "coragem e heroísmo dos soldados", "a consolidação da sociedade russa", bem como a compreensão do caráter "justo" desta operação militar.
Putin repetiu que foi "obrigado" a iniciar a campanha militar, em face de "riscos e ameaças" à Rússia, alegando que o seu país tem o direito de "defender a sua segurança".
"A decisão visa proteger os nossos cidadãos, os habitantes das repúblicas do Donbass, que ao longo de oito anos foram submetidos ao genocídio pelo regime de Kiev e por neonazis protegidos pelo Ocidente", conclui o líder russo.