O Uganda é o primeiro país africano com um elevado número de santos canonizados de uma só vez.
Os 22 mártires católicos morreram condenados pelo rei Mwanga, em 1885, um homem vicioso e cruel que, após suceder ao sei pai, proibiu o cristianismo. Carlos Lwanga era o chefe dos pajens da corte. Convertido ao cristianismo pelos missionários franceses, foi baptizado em 1882 e depressa testemunhou aos seus amigos a experiência da fé.
Duas dezenas destes pajens também se baptizaram e um outro mais novo, de 14 anos, preparava-se para o baptismo quando o rei descobriu. Irritado por estes seus pajens aderirem ao cristianismo e se recusarem às práticas homossexuais que lhes sugeria, decidiu condená-los.
Convocado o conselho, o rei mandou reunir os pajens cristãos e convidou-os a renegar a fé. Como não cederam, alguns deles foram mortos mesmo ali e outros torturados antes de morrer. Para prolongar o seu sofrimento, os condenados tiveram de percorrer a pé os 60 km que separavam o palácio do rei até ao local do martírio, Namugongo.
O povo saiu à rua para ver passar os pajens que, de corda ao pescoço e mãos atadas, pálidos de fome e cansaço, continuavam a dar graças a Deus. Alguns dos missionários que os tinham baptizado, encontravam-se entre o povo e encorajaram-nos a manterem-se firmes na fé.
Quando chegaram ao local do martírio, reuniram-se a 23 outros cristãos anglicanos, igualmente condenados à morte. Morreram todos de forma cruel, queimados vivos, cada um previamente enrolado numa esteira de palha. Testemunhas locais relatam que “o murmúrio das orações dos pajens foi crescendo, à medida que o sofrimento aumentava, até as vozes cessarem e as vítimas voarem para o céu”.
Em 1920, Bento XV proclamou-os beatos e Paulo VI canonizou-os em 1964, durante o Concílio Vaticano II, visitando em 1969 este local de martírio. Este santuário foi igualmente visitado por São João Paulo II em 1993.
Francisco, que vem ao Uganda, sobretudo, para assinalar os 50 anos da canonização destes jovens leigos, ainda antes de visitar o santuário já disse que “estes mártires, católicos e anglicanos, são autênticos heróis nacionais”.
A Renascença em África com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa