Marcelo Rebelo de Sousa disse esta terça-feira que a realização da 27.ª Cimeira Ibero-americana de Chefes de Estado e de Governo é um "sinal de esperança". O Presidente da República já está em Andorra-a-Velha, capital de Andorra, acompanhado pelo primeiro-ministro António Costa.
Segundo o Presidente, o facto de a cimeira se realizar presencialmente é "um sinal de futuro e de coragem", por ser a primeira cimeira intercontinental em pandemia que não é apenas digital, numa altura em que ainda há uma vaga em sentido ascendente de casos de covid-19 em grande parte da Europa.
"Não é uma cimeira digital pura, é uma cimeira com presença de chefes de Estado e de Governo. Isto é um sinal de coragem do principado de Andorra, da organização ibero-americana, e é um sinal de esperança e de futuro num momento em que na Europa ainda há uma onda que está a subir em alguns países. Nós estamos aqui e os empresários estão aqui, como estão a construir nas suas economias", vincou Marcelo.
Ao longo dos próximos dias, Marcelo e Costa vão encontrar-se com representantes da comunidade portuguesa que, em Andorra, representa uma grande quantidade da população do pequeno país.
Andorra tem cerca de 12 mil emigrantes luso-descendentes e há mais de 200 empresas com ligação a Portugal, especialmente no setor da construção.
Nesta pandemia, "ninguém se salva sozinho"
O Presidente da República afirmou ainda, perante o Fórum Empresarial Ibero-Americano, que Portugal tem um consenso político fundamental no combate à covid-19 e advertiu que nesta pandemia" ninguém se salva sozinho" e todos estão no mesmo barco.
A experiência portuguesa no plano político no combate à covid-19, ao longo do último ano, foi tema central da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa neste fórum, na capital de Andorra, num evento que antecede o começo oficial da XVVII Cimeira Ibero-Americana ao fim da tarde de hoje.
"Tem de haver consenso político. Em Portugal, mais de 80% dos deputados dos partidos do parlamento aceitaram ao longo de mais de um ano o estado de emergência, os confinamentos e os desconfinamentos. Mesmo quando discordam de pontos de pormenor, os que votam a favor, ou os que se abstêm, viabilizando a solução, são mais de 80%", disse.
Com o rei e o primeiro-ministro de Espanha a escutá-lo, entre outros chefes de Estado e de Governo, o Presidente da República referiu-se às reuniões do Infarmed, em Lisboa.
"Em Portugal, todos os 15 dias, houve reuniões entre epidemiologista, sanitaristas, Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, Governo, líderes de todos os partidos parlamentares para discutir e para projetar o futuro face à crise pandémica. Consenso político ainda é preciso neste momento e no futuro, porque se trata de uma questão global e não de uma questão eleitoral, partidária, de um grupo social ou económico" disse.
Depois, Marcelo Rebelo de Sousa deixou um conjunto de avisos, começando por salientar que esta questão do combate à pandemia "é de todos".
"Estamos todos no mesmo barco, ninguém de salva sozinho. A vacinação é uma prioridade, todos, vacinação universal, global e igualitária. Só isso permite desenvolvimento sustentável. Sem isso é uma ilusão acreditar num desenvolvimento sustentável", defendeu o chefe de Estado.
Em outro plano, o Presidente da República considerou essencial que se comece a "preparar a recuperação e a reconstrução económica e social".
"E não é suficiente regressar a 2019, porque o que passou a passou, a vida das pessoas e das sociedades mudou, a Europa mudou e o mundo ibero-americano também mudou. Reconstruir significa preparar com todos os meios internos e internacionais", advertiu.
Em relação aos trabalhos plenários da Cimeira Ibero-Americana, que decorrem na quarta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou apoio a uma proposta que estão em cima da mesa apresentada por Espanha e Argentina, visando uma mudança na atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI).
"É preciso levar mais longe a solidariedade no mundo Ibero-Americano. A proposta espanhola e argentina para a cimeira é importante, porque passa pelo FMI. Assim como a Europa vai criar inevitavelmente um novo sistema financeiro, é preciso que o FMI ajude nas sobretaxas, nos desembolsos, nas condições de prazo de financiamento, nos direitos de saque especial. O FMI tem de ajudar, caso contrário é mais difícil construir a solidariedade para a reconstrução do futuro", advogou o Presidente da República.