O alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu, esta terça-feira, o fim do ciclo de violência em Israel e na Cisjordânia ocupada, exortando as forças israelitas a respeitar os padrões internacionais.
"A recente operação na Cisjordânia ocupada e o ataque de carro em Telavive enfatizam de forma preocupante um padrão de eventos muito familiar: que a violência só gera mais violência", disse Turk em comunicado.
"A matança, mutilação e destruição de propriedade devem parar", acrescentou.
Um homem atropelou e feriu, esta terça-feira, sete pessoas em Telavive, após o exército israelita ter realizado uma operação em grande escala que matou 10 palestinianos em Jenin, no norte da Cisjordânia.
A polícia de Israel disse ter recebido relatos de "um carro que atacou vários civis" no norte de Telavive, acrescentando que as forças de segurança mataram o agressor, com quem se envolveram numa troca de tiros.
Em Jenin, as lojas permanecem hoje encerradas, enquanto 'drones' (aparelhos aéreos não tripulados) sobrevoavam a cidade, no segundo dia de uma operação que mobilizou centenas de soldados, a maior manobra militar israelita na Cisjordânia em vários anos.
Turk disse que a escala da operação de Jenin, incluindo o uso de ataques aéreos repetidos, juntamente com a destruição de propriedades, levantou questões sérias em relação às normas e padrões internacionais de direitos humanos.
Alguns dos métodos e armas usados "estão geralmente associados à condução de hostilidades em conflitos armados, e não à aplicação da lei", disse o alto comissário.
"O uso de ataques aéreos é inconsistente com as regras aplicáveis à condução de operações de aplicação da lei. Num contexto de ocupação, as mortes resultantes de tais ataques aéreos também podem equivaler a homicídios dolosos", frisou.
Turk disse ainda que as forças israelitas na Cisjordânia precisam cumprir os padrões internacionais de direitos humanos sobre o uso da força.
"Esses padrões não mudam simplesmente porque o objetivo da operação é declarado como 'contraterrorismo'", acrescentou.
Os confrontos dos últimos dias provocaram, na segunda-feira, o êxodo de cerca de 3.000 habitantes do campo de refugiados de Jenin, onde vivem cerca de 18.000 palestinianos.
Em junho, sete pessoas foram mortas num ataque israelita ao campo de Jenin e, pouco depois, quatro israelitas foram mortos a tiro por dois palestinianos perto do colonato judeu de Eli, no norte da Cisjordânia.
De acordo com a ONU, Israel - como potência ocupante- tem que garantir que todas as operações sejam planeadas e controladas para minimizar o uso da força, principalmente a força letal.