O chefe de segurança do ex-ministro Eduardo Cabrita alegou esta sexta-feira que não sentiu que a comitiva que atropelou mortalmente um trabalhador na A6 seguisse em excesso de velocidade, revelou o advogado do antigo governante.
Manuel Magalhães e Silva, defensor do ex-ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita, falava aos jornalistas à saída do Tribunal de Évora, onde esta manhã recomeçou a fase de instrução do processo sobre o atropelamento mortal do trabalhador pelo carro onde seguia o ex-ministro Eduardo Cabrita na A6.
"Foi importante ouvir o senhor Nuno Dias [chefe de segurança do ex-ministro], porque permitiu esclarecer, em primeiro lugar, que ele não sentiu que as viaturas seguissem em excesso de velocidade e, em segundo, que a viatura do ministro seguia do lado esquerdo, e bem, porque são essas regras de segurança de circulação de altas entidades em que devem seguir desenquadradas", afirmou.
Segundo os advogados, durante a sessão desta manhã, apenas foi ouvido pelo juiz de instrução criminal o chefe de segurança do antigo ministro e o interrogatório de Eduardo Cabrita está previsto para a tarde.
Também em declarações aos jornalistas no final desta sessão, o advogado da família da vítima, José Joaquim Barros, limitou-se a dizer que o chefe de segurança do ex-ministro "fez declarações com um mínimo de consistência".
Já o defensor da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), Paulo Graça, considerou que as declarações de Nuno Dias foram "muito interessantes e certamente ajudarão bastante o tribunal a esclarecer a verdade".
Eduardo Cabrita e o seu então chefe de segurança, Nuno Dias, estão a ser interrogados como arguidos, no Tribunal de Évora, na instrução do processo do atropelamento mortal na A6.
O debate instrutório está marcado para o dia 30 de junho, a partir das 10h30, na sala de audiências principal do Tribunal de Évora.
Estas novas diligências instrutórias foram marcadas pelo juiz de instrução depois de o Tribunal da Relação de Évora (TRE) ter dado provimento e provimento parcial, respetivamente, aos recursos da ACA-M e da família.
A fase de instrução foi assim aberta para os três arguidos, ou seja, para o motorista do antigo ministro, Marco Pontes, o único acusado no processo, de homicídio por negligência, e cujo debate instrutório já foi realizado, e também para Eduardo Cabrita e Nuno Dias.
A 18 de junho de 2021, Nuno Santos, funcionário de uma empresa que realizava trabalhos de manutenção na A6, foi atropelado mortalmente pelo automóvel em que seguia o então ministro, no concelho de Évora.