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A ministra da Saúde, Marta Temido, reconhece que podia ter antecipado a recomendação do uso generalizado de máscaras, como medida de contenção da pandemia do novo coronavírus.
Em entrevista a um podcast do PS, a governante assumiu que, se tivesse na altura a informação que tem agora, a decisão inicial teria sido outra.
"Se soubesse que a posição final do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças era aquela que foi, designadamente com todas as cautelas que tem em relação à possibilidade de utilização de mascaras comunitárias, que era uma coisa que nem sequer existia em termos de nomenclatura, digamos assim, teria antecipado essa solução. Mas, infelizmente, esse exercício de ver o filme até ao fim, conseguir antecipar o fim e tomar uma conduta compatível com esse fim é só para os mágicos", observou a ministra.
SNS precisará de ajuda dos privados
Marta Temido admitiu que não acredita que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) seja capaz de, sozinho, dar resposta no pós-Covid-19.
"Se nós, amanhã, tivéssemos zero casos de Covid, o sistema de saúde, para voltar a funcionar, teria de ter ainda uma série de cautelas. A questão da proteção de profissionais e trabalhadores, a questão dos testes antes de terminados os tratamentos, a questão do espaçamento dos tratamentos ao longo do dia e da semana para não estarem todos ao mesmo tempo fará com que nada seja como antes", assinalou.
Como tal, a ministra da Saúde não esconde a intenção de recorrer aos privados: "Pela minha parte e daquilo que foram as análises que já fizemos, essa intenção existe, é clara e vamos acioná-la."
Marta Temido assumiu, ainda, que não está absolutamente segura que o SNS esteja preparado para uma eventual segunda onda de Covid-19. A ministra reconheceu que existe apreensão para o que aí vem.
"Não consigo dar uma resposta de sim ou não, mas penso que estaremos preparados. Não podemos ter uma estratégia de descanso que poderia depois poupar meios para uma segunda época. Os 'jogadores' não vão poder ir descansar. Têm de continuar a treinar e a jogar, e isso deixa todos numa situação de apreensão, naturalmente", referiu.
Em Portugal, morreram 973 pessoas das 24.505 confirmadas como infetadas, e há 1.470 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
Portugal é o 20.º país do mundo com mais óbitos e o 18.º em número de infeções.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 224 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios.