Pós-verdade foi a palavra escolhida pelos dicionários Oxford para palavra do ano de 2016.
O termo foi escolhido porque foi o conceito que segundo os eleitores foi determinante para a vitória do Brexit no Reino Unido e de Donald Trump nos Estados Unidos. Dizem os analistas que nos dois actos eleitorais a mentira que deu jeito para o discurso político prevaleceu sobre a verdade factual.
Verdade, verdade é que até para dizer que nos dois actos a mentira prevaleceu sobre a verdade foi preciso inventar uma expressão nova, que não diz a verdade sobre a mentira, ou seja, chama pós-verdade à mentira.
Sabemos que os políticos, sobretudo os mais populares, não são muito diferentes do comum dos mortais que os elegem. Logo, a dita pós-verdade tem que estar culturalmente a afectar-nos a todos, para estar a ter tanto sucesso no mundo político.
Um simples olhar sobre a realidade do nosso tempo permite perceber o que está a acontecer e permite também perceber que não foram os políticos que inventaram este mundo de faz de conta. A verdade é que, culturalmente, vivemos há muito num mundo de faz de conta, onde tudo é possível e o seu contrário também.
A realidade e a ficção deixaram de ser coisas distintas e a ordem natural das coisas deixou de ser conveniente para quem quer impor uma ordem não natural às coisas.
Senão vejamos: as palavras que durante séculos serviram para definir coisas tão simples como vida e morte, homem e mulher, verdade e mentira, têm vindo aos poucos a ser banidas dos dicionários porque agridem quem prefere cultivar a morte em vez da vida, a opção de género em vez da realidade natural e, por fim, querem chamar verdade à mentira.
O que se passa actualmente no cenário político internacional prova que a realidade é real demais para se deixar enganar pela ficção e os defensores de um mundo virado ao contrário começam a sofrer os efeitos das muitas mentiras que ao longo das últimas décadas quiseram impor às sociedades ocidentais.
Para quem quer, apesar de tudo, continuar a viver num mundo real, e não de ficção, importa não esquecer que, por mais que queiramos enganar-nos, um homem será sempre um homem e um gato será sempre um bicho.