O presidente do Instituto de Saúde Ricardo Jorge (INSA) desvaloriza a subida de casos de Covid-19 em Portugal. Para Fernando Almeida é preciso estarmos atentos, mas não preocupados.
“Não daria muita atenção a este aumento, porque passámos o momento de alguns feriados e a informação pode ter-se atrasado. Nós precisaremos sempre de algum tempo par analisar. Todos sabem que o R está no 1 e ligeiramente acima do 1, o que nos traz algum motivo de atenção, mas nada mais do que isso.”
Apesar do alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) para uma transmissão maior na Europa, prevendo meio milhão de mortos até fevereiro, o presidente do INSA lembra que a nosso favor está uma elevada taxa de vacinação.
“Os países de maior preocupação são aqueles que têm taxas mais baixas de vacinação. Há aqui uma correlação muito direta entre esta quarta vaga e os níveis de vacinação de alguns dos países e, portanto, essa, sim, é um motivo de preocupação que nós, até agora, não o temos”, observa.
Fernando Almeida destaca a enorme capacidade que o país teve para responder à pandemia, assinalando que, quando surgiram os primeiros casos de Covid-19, apenas o instituto e dois hospitais tinham capacidade para fazer testes e, atualmente, já se realizam testes em 1.200 estruturas.
INSA faz 122 anos
O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge comemora esta sexta-feira 122 anos. A data é assinalada com a realização da conferência-debate "Resiliência em Tempos de Pandemia" e uma homenagem aos colaboradores com 30 ou mais anos de serviço.
À Renascença, o presidente da instituição recorda que foi precisamente na sequência de uma pandemia que nasceu o instituto.
“Há cerca de 122 anos houve uma epidemia de peste bubônica no Porto, idêntica, não na dimensão desta pandemia, mas teve características similares. E foi a partir de eventos destes que foi criado o Instituto Ricardo Jorge e, já agora, a Direção-Geral da Saúde.”
Acrescenta ainda que “confrontados neste momento, nesta altura, com aquilo que foi e tem sido a grande pandemia é, por um lado, a justificação de porque é que nós existimos e, portanto, é o tal desafio do dever que estamos a cumprir, de ir mais além naquilo que é a nossa capacidade de resiliência que a todos nos convocou, mas, também, a capacidade de mostrarmos que é a credibilização da informação que se transmite”.
Segundo o presidente do INSA, o apoio dado “às instituições de saúde e a sensação de dever cumprido” convoca “ainda mais para novos desafios” e a estarem “permanentemente em alerta”.
Desde março de 2020, altura em que a pandemia se instalou em Portugal, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge realizou cerca de 200 mil análises de PCR e antigénio e, em breve, chegará aos 20 milhões de testes a nível nacional.