O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta sexta-feira que, reunidas as condições políticas para o “divórcio” do Reino Unido com a UE, importa avançar rapidamente nas negociações sobre "a relação de poder paternal", ou seja, as futuras relações pós-Brexit.
"Não vejo razão para que não possamos finalmente estar tranquilos de que evitámos esse cenário catastrófico que seria a saída sem acordo", disse.
"Esperemos que agora que o acordo de divórcio tem condições de ser aprovado, que a parte verdadeiramente importante, que é estabelecer a relação futura, se quiser a relação de poder paternal, decorra agora de uma forma mais rápida, sobretudo menos contenciosa, com mais estabilidade, porque essa é a fase verdadeiramente importante", declarou ainda António Costa.
O primeiro-ministro português falava no final de um Conselho Europeu, em Bruxelas, no qual foi abordado o Brexit, à luz dos resultados das eleições legislativas de quinta-feira no Reino Unido, que se saldaram numa vitória clara de Boris Johnson.
António Costa indicou que os líderes dos 27 atribuíram um mandato a Michel Barnier, o negociador-chefe da UE para o Acordo de Saída, para "iniciar agora a fase verdadeiramente importante desta negociação", que é o quadro do relacionamento futuro entre UE e Reino Unido, uma vez que agora parecem estar finalmente "reunidas as condições políticas para que sem mais surpresas possa ser aprovado" o acordo de 'divórcio' negociado com Londres.
"O problema até agora era o senhor Johnson não ter uma maioria na Câmara dos Comuns. Com os resultados de ontem [quinta-feira], é inequívoco que tem uma maioria na Câmara dos Comuns, portanto não vejo razões para que não possamos finalmente estar tranquilos", disse.
Costa lembrou o que mais dificultou o longo processo negocial para a consumação da saída do Reino Unido do bloco europeu não foram divergências entre UE e Reino Unido, até porque a União Europeia "conseguiu entender-se com o [antigo] primeiro-ministro [David] Cameron, conseguiu entender-se duas vezes com a primeira-ministra [Theresa] May, conseguiu entender-se com Johnson".
"O problema foi sempre a falta de entendimento dentro do Reino Unido relativamente ao entendimento que cada um deles estabelecia com a UE. Agora que há uma maioria clara creio que esse problema está ultrapassado [...] Portanto, evitámos com sucesso o risco de um Brexit desordenado. Acho que isto é uma boa notícia para a Europa, mesmo para aqueles que, como eu, lamentam que o Brexit exista. Mas ao menos não será de uma forma desordenada", sustentou.
Quanto ao futuro, defendeu ser "necessário avançar rapidamente" nas negociações com Londres, para garantir a relação mais próxima possível entre a UE e o Reino Unido, o "mais próximo vizinho", o "principal aliado" e "o principal parceiro económico" da União.
Após a vitória do Partido Conservador com maioria absoluta nas eleições de quinta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu hoje que o Brexit vai para a frente no dia 31 de janeiro.