A Organização das Nações Unidas mostrou-se esta sexta-feira preocupada com a "suspensão arbitrária" das contas de vários jornalistas na rede social Twitter, considerando-a "um precedente perigoso" em contexto de censura e ameaças contra os profissionais da comunicação no mundo.
"As vozes dos meios não deveriam ser silenciadas em uma plataforma que diz dar espaço à liberdade de expressão", apontou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, durante a sua conferência de imprensa diária.
Dujarric acrescentou que a ONU está "muito perturbada" pela medida e a manter contactos com a Twitter, que na quinta-feira decidiu suspender várias contas de jornalistas que cobrem a empresa e o seu proprietário, Elon Musk.
"No nosso ponto de vista, este movimento cria um precedente perigoso no momento em que jornalistas em todo o mundo enfrentam a censura, ameaças físicas e até coisas piores", disse o porta-voz.
Antes da ONU, também a União Europeia e vários governos europeus se pronunciaram sobre o caso, com aquela a ameaçar Musk com sanções.
Entre os jornalistas cujas contas foram suspensas estão os profissionais de "media" como a CNN (Donie O"Sullivan), os jornais New York Times (Ryan Mac) e Washington Post (Drew Harwell), além de outros jornalistas independentes.
A vice-presidente da Comissão Europeia Vera Jourova considerou a decisão "preocupante" e lembrou que há "linhas vermelhas", ameaçando Elon Musk com "sanções, em breve", numa mensagem no Twitter.
"A liberdade de imprensa não pode ser ativada e desativada por conveniência", criticou o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, também na rede social. "Por esse motivo, temos um problema com o Twitter", acrescentou.
Em outra mensagem, o ministro da Transição Digital francês, Jean-Noël Barrot, afirmou-se "preocupado com a deriva na qual Elon Musk precipita o Twitter" e lembrou que "a liberdade de imprensa está na base da democracia". .
O Twitter não deu indicações sobre os motivos que levaram à suspensão das contas, nem sobre a sua duração.