François Hollande: "É necessário que ruptura tecnológica não produza fractura social"
07-11-2017 - 13:59

"O que seria do mundo se com esta revolução digital se criassem desigualdades adicionais, se os mais frágeis se tornassem ainda mais expostos?", disse o ex-Presidente francês.


O ex-Presidente de França François Hollande declarou esta terça-feira que os empreendedores têm o dever de "evitar as desigualdades" sociais criadas pela tecnologia e pelas barreiras no acesso à formação, para que a revolução digital "não deixe ninguém para trás".

"Vivemos – e temos a prova disso aqui na Web Summit em Lisboa – uma revolução, uma mutação considerável: a inteligência artificial, que virou ao contrário o nosso modo de vida, os veículos autónomos, a medicina preventiva, com os robôs”, disse Hollande, no palco principal da cimeira tecnológica lisboeta.

Na palestra "Como a inovação facilita a mudança", o antigo chefe de Estado francês reconheceu que o mundo está "perante uma mutação social considerável", pelo que "é necessário que esta ruptura tecnológica não produza uma fractura social".

"É este o vosso papel, dos empreendedores, evitar que haja uma separação de parte da população, [evitar] as desigualdades que se formam", disse Hollande.

Nesse sentido, "a formação é a grande prioridade" dos Governos e dos Estados em todo o mundo, não só "para que as empresas possam utilizar mão-de-obra qualificada", mas sobretudo "para fazer com que todos os jovens que querem participar nesta grande aventura do digital possam fazê-lo com igualdade".

"O vosso papel, o vosso interesse, é que a revolução digital não deixe ninguém para trás", realçou François Hollande.

O ex-Presidente francês deixou ainda várias sugestões sobre a sociedade moderna, caso estas questões não venham a ter solução.

"O que seria do mundo se com esta revolução digital se criassem desigualdades adicionais, se os mais frágeis se tornassem ainda mais expostos, menos protegidos, mais excluídos face àqueles que acedem a todo o conhecimento e a toda a formação?", questionou.

A Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil “startups”, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa por três anos, com possibilidade de mais dois de permanência na capital portuguesa.