Pedro Nuno Santos apresentou esta segunda-feira a sua candidatura à sucessão de António Costa na liderança do Partido Socialista (PS). "Os portugueses conhecem as minhas qualidades e defeitos", declarou.
“Os acontecimentos recentes levaram António Costa a demitir-se. É neste quadro que aberto um processo eleitoral interno eu apresento a minha candidatura a secretário-geral do PS”, começou por afirmar Pedro Nuno Santos, que agradeceu o apoio a Francisco Assis, presente na cerimónia realizada na sede do PS, no Largo do Rato.
“Os portugueses e os militantes do PS conhecem-me- Conhecem as minhas qualidades e defeitos, o meu inconformismo e a minha combatividade, a minha vontade de fazer acontecer e os meus sucessos. Conhecem também os meus erros e as minhas cicatrizes, que fazem parte das nossas vidas”, sublinhou.
O antigo ministro, que se demitiu na sequência do caso da indemnização da TAP a Alexandra Reis, afirma que só os que não fazem nem decidem, e se limitam a gerir, "esses raramente cometem erros". Pedro Nuno Santos diz que quem "aprende com os erros está mais preparado para os evitar no futuro".
O candidato à liderança do PS recordou as suas origens: "Sou natural de São João da Madeira, terra com a palavra lavor no seu escudo, terra de empresários e de trabalhadores, de trabalhadores que se fizeram empresários e de empresários que voltaram a ser trabalhadores. O meu pequeno concelho existe fruto do trabalho e do esforço criativo do seu povo. Começámos por seu o principal polo da industria chapeleira do país, as pessoas deixaram de usar chapéus, e a industria entrou em crise, mas os empresários e trabalhadores não baixaram os braços e a industria chapeleira foi substituída pela indústria do calçado".
"A capacidade de criar, de cair e reerguer faz parte da identidade de ser sanjoanense e também faz parte da minha", salientou o "neto de sapateiro e filho de empresário".
Pedro Nuno Santos salientou que a concertação social e o diálogo entre trabalhadores e empresários é outra das marcas da sua terra natal.
"António Costa, um dos maiores políticos que conheci"
No seu discurso de apresentação de candidatura, Pedro Nuno Santos recordou que foi um dos primeiros a apoiar António Costa. "Fi-lo em bom tempo. Tive oportunidade de trabalhar com um dos maiores políticos que conheci", salientou em relação ao primeiro-ministro demissionário.
"António Costa foi o líder que derrubou os muros entre o PS e os outros partidos da esquerda parlamentar. Após a catástrofe dos incêndios de 2017 conduziu uma reforma que produziu resultados importantes nos anos seguintes. Foi o líder que conduziu de forma exemplar o combate à crise pandémica que nos testou enquanto comunidade", assinalou.
Pedro Nuno Santos refere que estes últimos anos "não foram apenas anos de gestão de crises: a economia portuguesa cresceu acima da média europeia, colocámos o país numa trajetória sustentada da dívida pública e onde voltámos a colocar o emprego em níveis que já não tínhamos desde o início do milénio" e foram criados 600 mil postos de trabalho.
"PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial"
O antigo ministro das Infraestruturas alude ainda ao caso de justiça que derrubou o Governo - a Operação Influencer - para se demarcar e garantir ao mesmo tempo lutar contra a corrupção.
"Uma investigação policial ditou o fim do Governo. É um momento difícil para a nossa democracia e para o nosso partido, em particular. Não vou ignorar o quanto os acontecimentos da passada semana abalaram as instituições da República e a sua credibilidade perante os cidadãos. Sobre essa matéria entendo o seguinte: em primeiro lugar, afirmar sem margem de dúvidas que o combate à corrupção constitui uma tarefa prioritária, indeclinável, do Estado. Segundo, sublinhar a necessidade imperiosa de observância das regras do Estado de Direito democrático, como a presunção de inocência e a independência do poder judicial, declarou.
Pedro Nuno Santos considera que "a Justiça é central para o funcionamento de uma comunidade", mas sublinha que "o PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial".
Num recado para o interior do partido, disse que não faz sentido falar em divisões "numa ala centrista-moderada e uma ala de esquerda e radical". "Esta discussão tem pouco sentido, alimento conflitos artificiais e apenas serve a quem combate o PS", salientou.
Três prioridades e uma direita que não cumpre as promessas
O candidato considera que o seu dever é preparar uma política para Portugal e apresentará as suas ideias para enfrentar os problemas que afetam os portugueses, mas aponta já três áreas prioritárias: "salários dignos" e empresas fortes e inovadoras, medidas para atacar a crise na habitação e em terceiro lugar "valorizar o território" e desenvolver o Interior.
Pedro Nuno Santos também aproveitou a apresentação da candidatura a líder do PS para atacar a direita, que "não cumpre as promessas" quando chega ao poder, acusou.
"A direita fala muito do controlo das contas públicas, mas começou o seu último mandato com uma dívida pública de 114% do PIB e acabou com 131%. A direita cortou salários e pensões quando prometeu que não o faria. A direita cortou na Saúde e na Educação quando prometeu que não o faria. Aumentou impostos quando prometeu que não o faria. É muito importante lembrar todas estas promessas que a direita não cumpriu, porque agora promete que não fará acordos com a direita populista, racista e xenófoba quando é precisamente isso que que se prepara para fazer", acusa Pedro Nuno Santos.