A Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) acolheu, nos últimos três anos, 144 famílias de pessoas refugiadas, quase 700 pessoas no total, das quais perto de 400 crianças, que foram distribuídas por 92 instituições.
Três anos depois de ter começado o seu trabalho no acolhimento e integração de refugiados em Portugal, a organização tem agora uma campanha de sensibilização e de angariação de novas instituições porque as que estão já não chegam para fazer face às necessidades.
Em entrevista à agência Lusa, o presidente da PAR disse que este é o momento de apelar para que mais instituições se juntem e reforcem a capacidade de acolhimento, mas também de fazer um balanço do trabalho feito nos últimos três anos.
Admitiu que há duas realidades entre as famílias que chegaram a Portugal: as que ficaram no país e as que decidiram ir para outros destinos, maioritariamente países no norte da Europa.
“As famílias que decidiram ficar em Portugal correspondem a pouco mais de metade das famílias que acolhemos”, revelou.
Números que não desmotivam André Costa Jorge, que prefere chamar a atenção para o facto de que em 80% das famílias que ficaram em Portugal pelo menos um adulto estar a trabalhar.
“Temos casos em que dois adultos estão a trabalhar, e estamos a falar de pessoas que culturalmente fizeram um esforço mais elevado porque muitas destas famílias vinham de contextos culturais em que culturalmente era aceite que a mulher não trabalhasse”, destacou.
“Temos muitos agregados em que as mulheres trabalham e isso é demonstrativo da vontade destas pessoas em integrarem-se”, acrescentou.
Por outro lado, admitiu que estas pessoas ainda não são totalmente autónomas, já que ainda dependem da ajuda seja da instituição de acolhimento, seja da segurança social ou até dos voluntários, mas frisou que três anos é pouco para um pleno processo de integração e que há países, como a Alemanha, que definiram oito anos como o tempo necessário.
Defendeu que não deve haver uma resposta tipo e única para todas as pessoas refugiadas, devendo existir, tanto quanto possível, uma adaptação aos perfis de cada pessoa.
“A partir da identificação do perfil de cada um dos refugiados deve haver um trabalho de ensino do português preferencialmente em articulação com a dimensão da empregabilidade”, apontou André Costa Jorge.
Nesse sentido, adiantou que a PAR tem vindo a desenvolver alguns projetos do ensino de português “on the job”, em que as pessoas aprendem a língua em contexto de trabalho.
Referiu igualmente que a PAR tem feito um trabalho “muito intenso” de articulação com as entidades empregadoras de aproximação entre o perfil da necessidade do empregador com o perfil de competências dos candidatos, sublinhando que também cabe às instituições de acolhimento dar mais competências e ferramentas para que os refugiados se integrem mais rapidamente no mercado de trabalho.
André Costa Jorge defendeu ainda a importância do reagrupamento familiar, lembrando que os refugiados vêm de contextos culturais em que sempre viveram em proximidade, e de como é importante que as autoridades nacionais tenham isso em conta, lembrando que o trabalho feito em articulação com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) tem permitido agilizar esse tipo de processos.