O Cardeal-Patriarca de Lisboa determinou o “afastamento preventivo, também designado como proibição do exercício público do ministério, de quatro sacerdotes no ativo”, anunciou a diocese esta terça-feira, em comunicado enviado à Renascença.
A decisão dá cumprimento a uma recomendação, nesse sentido, feita pela Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis, na sequência da lista que recebeu da Comissão Independente (CI) que estudou os abusos na Igreja.
“Os sacerdotes solicitaram a rápida busca da verdade e da justiça, abrindo-se agora a investigação prévia de cada um dos casos, que posteriormente será enviada ao Dicastério para a Doutrina da Fé”, avança o Patriarcado de Lisboa, esclarecendo que “não existe uma acusação formal” a nenhum deles, mas ficam “afastados do exercício público do seu ministério, enquanto decorrem todas as diligências dos seus processos”.
Da lista entregue pela Comissão Independente à diocese de Lisboa consta um quinto sacerdote no ativo, que o comunicado de hoje confirma que “já tinha sido sujeito a medidas cautelares”.
O Patriarcado reafirma que “continua totalmente empenhado na procura da verdade, assente na tolerância zero e na transparência total em relação a qualquer situação de abuso de menores e adultos vulneráveis”.
Ao todo a lista entregue pela CI à diocese de Lisboa identificou 24 alegados abusadores, mas oito deles já morreram, como começou por esclarecer o Patriarcado num primeiro comunicado divulgado a 10 de março. Entre os 16 restantes, dois encontram-se doentes e retirados, um abandonou o sacerdócio, três estão “sem qualquer nomeação” (ou seja, sem função atribuída, mas não é explicado porquê), e quatro são desconhecidos da diocese. Restam os cinco no ativo, quatro deles agora afastados de funções e um em relação ao qual já tinham sido aplicadas medidas.
Mesmo não tendo atuado de imediato em relação aos padres no ativo - o que mereceu críticas de vários setores – o comunicado de 10 de março indicava já que a Comissão Diocesana de Proteção de Menores já tinha pedido “mais dados à Comissão Independente” e que aguardava a resposta “com caráter de urgência”, para que fosse possível entregar ao Cardeal-Patriarca as recomendações que lhe permitiriam "fundamentar a proibição do exercício público do ministério dos sacerdotes no ativo, e assunção das devidas responsabilidades no apoio e respeito pela dignidade das vítimas”.