A Administração Americana anunciou esta segunda-feira que ia colocar Cuba de volta na lista de estados que apoiam o terrorismo.
A decisão, tomada a pouco mais de uma semana do final do mandato de Donald Trump na Casa Branca, poderá dificultar a vida à administração de Biden caso esta queira reavivar as relações com o regime cubano, como começou a acontecer durante o mandato de Barack Obama.
Segundo o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, Cuba foi colocada na lista negra por “fornecer repetidamente apoio para atos de terrorismo internacional”, dando guarida a fugitivos dos Estados Unidos e líderes rebeldes colombianos.
Pompeo citou ainda o apoio dado por Cuba, ao nível de segurança, ao Presidente venezuelano Nicolás Maduro, que terá sido fundamental para manter o poder e criar “um ambiente permissivo para terroristas internacionais viverem e prosperarem na Venezuela.
“Com esta medida vamos novamente responsabilizar o governo cubano e enviar uma mensagem clara: o regime dos Castro tem de acabar com o apoio ao terrorismo internacional e a subversão da justiça americana”, afirmou Pompeo num comunicado.
O secretário de Estado referiu especificamente o facto de Cuba ter acolhido a fugitiva Joanne Chesimard, que conseguiu chegar a Cuba depois de ter fugido da prisão, onde cumpria pena por matar um polícia em Nova Jérsia, em 1973. Referiu-se também à recusa de Cuba de extraditar os responsáveis por um atentado contra a academia de polícia de Bogotá, na Colômbia.
A decisão de colocar Cuba novamente na lista inverte a medida de 2015, de Barack Obama, de retirar o país da mesma lista, dando início ao descongelamento das relações, que incluiria a restauração de relações diplomáticas, nesse mesmo ano.
Decisão dirigida a Cuba e a Biden
Segundo uma fonte próxima da decisão, citada pela Reuters, a decisão da Administração Trump levou vários meses de revisão jurídica e exigirá deliberações igualmente morosas por parte da administração de Biden para ser revertida.
Desde a sua eleição, em 2017, Trump esfriou as relações com Cuba, apertando as restrições às viagens e ao envio de dinheiro dos Estados Unidos para Havana e impondo sanções aos carregamentos de combustível da Venezuela para a ilha.
Trump's hard-line Cuba policy was popular among the large Cuban-American population in South Florida, helping him win the state in November though he lost the election to Biden, who was Obama's vice president.
As medidas do Presidente Republicano ajudaram-no a ganhar popularidade junto da comunidade cubana radicada na Flórida. Biden, por sua vez, disse durante a campanha que iria inverter quaisquer políticas de Trump que tivessem “prejudicado o povo cubano sem fazer nada para avançar a democracia e os direitos humanos” no território.
Cuba já tinha reagido preventivamente através de um tweet publicado no dia 30 de dezembro, quando já se especulava sobre esta medida. Na altura o ministro dos Negócios Estrangeiros de Havana publicou uma mensagem no Twitter a denunciar as “manobras do Secretário de Estado Pompeo de incluir Cuba na lista de Estados que apoiam o terrorismo só para agradar à minoria anticubana na Florida”
A equipa que está a preparar a transição de Trump para Biden diz que está a tomar nota desta e de outras medidas que parecem ser desenhadas só para dificultar o trabalho do próximo Presidente.
A inclusão na lista de Estados que apoiam o terrorismo tem graves consequências, mas neste caso em particular estas são mais simbólicas do que práticas, uma vez que muitas das medidas restritivas já estão em curso. Serão, contudo, mais difíceis de reverter por Biden.