Estão na linha da frente da prevenção de incêndios, mas dizem-se “abandonados” pelos sucessivos Governos. À Renascença, o presidente da Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza critica as poucas vagas existentes para aceder à profissão.
"Existem muitos muitos jovens que gostariam de integrar a profissão só que infelizmente, ao longo dos anos, tem havido poucos concursos para a entrada de novos vigilantes da natureza”, lamenta Francisco Correia.
“Nestes últimos dois anos, entraram 75” e “seria necessário triplicar ou quadruplicar o número de vigilantes que existem em Portugal”, sublinha.
“O nosso grande sonho era ter um corpo nacional com um número de efetivos suficientes que conseguissem estar permanentemente no terreno, e em grande número, para evitar muitas das ocorrências que estão a acontecer neste momento no país”, afirma ainda.
À falta de profissionais junta-se a escassez de meios materiais. O presidente da Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza entende que as 20 viaturas entregues pelo Governo nos últimos dois anos continuam a ser insuficientes.
Mas, mais grave, é a falta de equipamentos que ajudem os vigilantes a atuar com segurança.
“Um dos fatores que nos preocupa é a falta de material de autodefesa e de proteção que a maioria dos vigilantes da natureza neste momento não tem. Mas fazemos sempre o nosso melhor: sempre que detetamos algum foco de incêndio, damos logo o alarme e fazemos a primeira intervenção, apesar de não termos o material necessário”, lamenta.
Sobre os incêndios, Francisco Correia acredita que a grande maioria tem mão criminosa e deixa alertas sobre a limpeza dos terrenos.
"Acho que a medida, no geral, não é má, mas não sei se terá grande sucesso no futuro, porque as pessoas não têm possibilidades económicas para fazer essas limpezas todos os anos. Ainda assim, notou-se uma grande melhoria na maioria das zonas”, começa por dizer.
Por outro lado, também houve comportamentos pouco responsáveis. “Em algumas zonas, houve um aproveitamento por parte de pessoas sem escrúpulos, que não fizeram limpezas, mas arrasaram zonas com espécies importantes da nossa flora que foram completamente dizimadas, aproveitando esse fator obrigatório de fazer limpezas”, denuncia Francisco Correia.
Nesta quarta-feira, Dia Mundial do Vigilante da Natureza, a Proteção Civil alerta para novo aumento do risco de incêndio, com as temperaturas a chegarem perto dos 40 graus em alguns locais do interior do país e o vento a soprar com intensidade.
O Dia Mundial do Vigilante da Natureza – também conhecido como Dia Mundial do Ranger (World Ranger Day) – foi criado para homenagear o trabalho de todos os guardas florestais do mundo na conservação da flora e fauna selvagem.