O número de mortos nos ataques realizados pelo Irão no Curdistão iraquiano ontem subiu para 14 e outras 59 pessoas ficaram feridas, disseram esta quinta-feira fontes das autoridades curdo-iraquianas.
Uma fonte do Ministério da Saúde do Governo regional curdo-iraquiano disse à agência de notícias Efe, sob condição de anonimato, que entre as vítimas da série de ataques realizados pela Guarda Revolucionária iraniana estão mulheres e crianças.
Os ataques teriam ocorrido, segundo a mesma fonte, devido ao apoio às manifestações que ocorrem no Irão devido à morte da jovem Mahsa Amini, após ser detida pela polícia da moralidade iraniana em 13 de setembro, em Teerão. A jovem morreu a 16 de setembro no hospital, data em que começaram os protestos no Irão.
As autoridades curdo-iraquianas haviam avançado na quarta-feira que nove pessoas tinham morrido e outras 32 ficaram feridas nos ataques iranianos.
Na noite de quarta-feira, as autoridades curdo-iraquianas declararam, num comunicado, que "70 mísseis balísticos e ‘drones’ carregados com material explosivo foram lançados a partir do território iraniano em quatro operações".
Uma fonte militar, que pediu anonimato, disse à Efe que "as posições de partidos curdos iranianos, incluindo o Partido Democrático Curdo e o Partido para a Libertação do Curdistão, foram alvos de drones e mísseis".
A Guarda Revolucionária do Irão confirmou logo após o ataque que havia bombardeado "grupos terroristas" no norte do Iraque pelo quinto dia consecutivo.
Esta série de atentados provocou a condenação do Governo regional do Curdistão, que ficou "surpreso" com o ataque, e de Bagdad, que alertou que irá tomar medidas ao mais alto nível diplomático para que tais ações não se repitam.
Os protestos no Irão começaram há duas semanas, após a morte sob custódia da polícia de Mahsa Amini, de 22 anos, que foi detida por incumprimento os requisitos de vestuário obrigatório para mulheres.
A televisão estatal iraniana afirmou, no seu mais recente balanço, que 41 pessoas morreram, mas esclareceu que esta é sua própria estimativa e não números oficiais.
As autoridades iranianas insistem que os protestos são incitados pelo "inimigo estrangeiro" com a intervenção de embaixadas e serviços de informação de outros países.
Os curdos são a maior minoria étnica sem Estado próprio, composta por 30 milhões de pessoas distribuídas principalmente entre Turquia, Irão, Iraque e Síria.