O Grupo Volkswagen em Espanha suspendeu, por tempo indeterminado, a venda de veículos da Audi, da Seat, da Skoda e da própria Volkswagen. A decisão aplica-se aos automóveis com motores diesel manipulados e é avançada esta terça-feira pelo jornal “El Mundo”.
Os concessionários receberam uma circular a anunciar a decisão, que abrange os veículos equipados motores a diesel regulados pela anterior normativa de emissões Euro V, vigente até Setembro do ano passado, altura em que entrou em vigor a nova normativa, denominada Euro VI. Significa isto que os modelos afectados pela medida são os que entraram no mercado antes de Setembro de 2014.
A Seat, marca adquirida pela Voskswagen na década de 1980, decidiu "suspender temporariamente as vendas e as entregas de todos os veículos novos com motor a diesel EA189" e lançar uma página de internet para responder às perguntas dos seus clientes.
A decisão do grupo alemão antecipa uma medida que já estava em estudo pelo Ministério espanhol da Indústria e segue o exemplo da que já foi tomada em países como a Suíça, Itália e Estados Unidos.
Os veículos anteriores a Setembro de 2014 mantêm, por enquanto, os seus motores, sendo intenção da empresa substituí-los pelos novos, mais limpos.
A norma Euro VI é mais exigente quanto à emissão de partículas poluidoras e, de acordo o jornal espanhol, com as investigações levadas a cabo até agora, não há motores a diesel que tenham sido manipulados para cumprir as novas regras.
Indicação diferente tem a associação portuguesa Quercus, segundo a qual na semana passada, a T&E – Federação Europeia para os Transportes e Ambiente, da qual faz parte, tinha alertado que apenas um em cada dez novos veículos a gasóleo cumpre as normas de emissão Euro VI.
Em Portugal, o ministro da Economia, António Pires de Lima, garantiu na semana passada que os automóveis da Volkswagen produzidos na fábrica da Autoeuropa “não tiveram incorporação” do software que falseou o desempenho dos motores relativamente às emissões poluentes.
Quercus apela a Bruxelas que investigue
A Quercus considera que a União Europeia deve avançar com uma investigação alargada sobre os novos veículos da Volkswagen colocados no mercado e apelou à rápida adopção de testes de emissão transparentes, na sequência do escândalo.
A associação ambientalista pretende assim identificar eventuais fraudes e exigir a retirada dos modelos fraudulentos, bem como a compensação dos consumidores.
A “indústria automóvel deve concentrar-se na produção de veículos mais eficientes e com menores emissões poluentes na estrada, em vez de desenvolver mecanismos para contornar regras ambientais e enganar os consumidores, com prejuízo para o ambiente e para a saúde pública”, defende a Quercus, em comunicado enviado à agência Lusa.
A associação refere que há um novo sistema de testes em discussão ao nível europeu para atestar as emissões dos veículos a gasóleo em condições reais de condução, mas não será aplicável a todos os veículos antes de 2018.
A 18 de Setembro, a Agência de Protecção do Meio Ambiente dos Estados Unidos acusou a Volkswagen de falsear o desempenho dos motores em termos de emissões de gases poluentes através de um software incorporado no veículo, incorrendo numa multa que pode ir até aos 18 mil milhões de dólares (cerca de 15,9 mil milhões de euros).
Dois dias depois, a Volkswagen reconheceu ter falseado os dados. Na semana seguinte, o presidente executivo da Volkswagen, Martin Winterkorn, pediu a demissão e, na sexta-feira passada, a empresa anunciou a nomeação de Matthias Mueller, actual presidente da Porsche, como novo presidente executivo do grupo.
Entretanto, a Audi, a Skoda e Seat já admitiram ter veículos em todo o mundo equipados com o software ilegal.