Incêndios. “Não sou técnico”, mas vamos “fazer a nossa parte”, diz Costa
24-03-2018 - 11:26

Governo e Presidente da República estão hoje no terreno para ajudar na limpeza de terrenos. O mesmo fazem mais de 1.500 militares dos três ramos das Forças Armadas.

Veja também:


“Não sou técnico”, diz o primeiro-ministro sobre o relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) que aponta falhas ao Estado na prevenção e combate aos incêndios de outubro.

António Costa está neste sábado de manhã em Loulé, na primeira paragem da ação de limpeza da floresta. Numa declaração aos jornalistas, diz que as recomendações do documento vão ser tidas em conta, tal como aconteceu com o primeiro relatório, dirigido aos incêndios de junho.

“Não sou técnico, portanto limito-me humildemente a ler o que está escrito e procurar interpretar e adaptarmos as políticas necessárias. Foi assim com o primeiro relatório”, de que “já temos cerca de três quartos das medidas que foram recomendadas em execução, vamos prosseguir tendo em conta os recursos existentes e o calendário adequado para tomar cada uma das medidas”, afirmou.

Esta sábado, o Governo em peso e o Presidente da República pegam na roçadora e vão ajudar a limpar florestas. O prazo terminou a 15 de março, mas o executivo quer passar a ideia de que o importante é limpar e, para já, não há multas.

Sobre as queixas de falta de meios neste processo, o primeiro-ministro diz que é uma consequência inevitável do esforço que o país está a fazer.

“É evidente que esse é um fator de preocupação, mas também é um bom sinal – um sinal de que, pela primeira vez em muitos anos, está a haver uma grande consciência nacional da necessidade de se proceder a estes trabalhos”, afirmou.

“Mas aquilo que é fundamental e a mensagem que temos passado é: enquanto for possível, enquanto o risco de incêndio não desaconselhar as limpezas, devemos limpar o mais possível, porque quanto mais nós fizermos agora menor é o risco que teremos amanhã e esse é um esforço que temos de fazer e, por isso, queremos dar um sinal de que há mobilização de toda a gente e que todos estão empenhados: nós, fazendo a nossa parte, os proprietários fazendo a sua parte e as autarquias também estão empenhadas”, destacou António Costa que, ainda hoje, vai passar por Portalegre e Torres Vedras.

Por seu lado, o Presidente da República vai estar no Gerês e em Viseu.

Riscos devem ser valorizados mas sem medo

António Costa considera que não se devem desvalorizar os riscos de possibilidade de ocorrência de incêndios, mas considerou também que não se deve “ter medo”.

"Nem desvalorizar os riscos, porque isso é um perigo, nem ficarmos paralisados com medo dos riscos. Quando há um risco nós devemos procurar identificá-lo, mitigá-lo diminuí-lo de forma aumentar a segurança de todos", afirmou no Serro dos Vermelhos, no concelho de Loulé.

António Costa chegou de helicóptero a esta zona isolada da serra algarvia, onde assistiu a uma das ações de limpeza de mato que decorrem em todo o país, com a participação de membros do Governo, de forças militares, da Proteção Civil e das autarquias.

Questionado pelos jornalistas, sobre a diferença entre os trabalhos de prevenção realizados este ano e no anterior, o primeiro-ministro sublinhou que existe "claramente" uma diferença, já que há um ano "não havia este movimento, esta azáfama" em todo o país, envolvendo proprietários e autarquias, entre outros.

Na limpeza deste sábado participam também cerca de 1.585 militares dos três ramos das Forças Armadas, numa iniciativa conjunta com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).